Bolsonaro chama recepção de Lula por Macron de provocação

Presidente afirma também que França e líder do país não são exemplos para o Brasil

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro classificou nesta quinta-feira (25) de provocação a recepção do ex-líder brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Eliseu e disse que o petista e o mandatário francês, Emmanuel Macron, "falam a mesma linguagem".

Em viagem à Europa, Lula foi recebido em Paris com honrarias e a presença da guarda republicana, o que chamou a atenção. Sob Bolsonaro, o governo tem relações conturbadas com a França de Macron.

O líder francês é desafeto do presidente brasileiro e crítico da política ambiental liderada pelo Planalto.

O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva junto com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris
O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva junto com o presidente francês, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris - Lula no Facebook

"O Macron sempre foi contra a gente, e ele sempre bateu na gente na questão da Amazônia. Como se ele tivesse preservado alguma, ele e seus antecessores, tivessem preservado alguma coisa na França. Parece uma provocação, sim", disse Bolsonaro, em entrevista à rádio Sociedade da Bahia, nesta manhã.

"A França não é exemplo para nós, muito menos o seu Macron. Seu Macron está muito bem acompanhado do Lula, e Lula, muito bem acompanhado do seu Macron. Eles se entendem, falam a mesma linguagem."

O presidente disse ainda que interessa ao líder francês ter no poder no Brasil uma pessoa "passiva, corrupta, como é o Lula". "O que acontece na Europa, quem não defender a questão ambiental passa a não ter mandato renovado, então tem que sempre estar batendo em alguém. Injustamente, bate no Brasil."

Bolsonaro citou o fato de que a França se opôs ao acordo da União Europeia com o Mercosul, em 2019. O país alegava questões ambientais como empecilho, mas o presidente credita a interrupção das conversas à exportação de commodities do Brasil.

Naquele ano, episódios marcaram negativamente a relação entre os líderes. Em julho, o presidente cancelou de última hora uma agenda que teria com o ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian —o diplomata foi avisado pelo então chanceler do Brasil, Ernesto Araújo, de que Bolsonaro não teria mais horário disponível para o encontro pouco antes de ele ocorrer.

Poucos minutos depois do horário da reunião, o presidente apareceu em uma live nas redes sociais cortando o cabelo. No mês seguinte, o presidente endossou, em uma rede social, comentário ofensivo a primeira-dama da França, Brigitte Macron.

Ao comentar uma publicação do mandatário brasileiro em sua página no Facebook, o seguidor Rodrigo Andreaça escreveu: "É inveja presidente do macron pode crê [sic]".

A mensagem foi publicada junto a uma imagem na qual se vê uma foto de Bolsonaro e de sua esposa, Michelle, abaixo de um retrato de Macron e Brigitte. Ao lado das imagens, há os dizeres: "Entende agora por que Macron persegue Bolsonaro?".

O perfil de Bolsonaro respondeu a Andreaça: "Não humilha, cara. Kkkkkkk", dando a entender que as recentes críticas de Macron ao presidente seriam motivadas por inveja da esposa do brasileiro.

No encontro de Lula com Macron, que durou pouco mais de uma hora, eles discutiram temas ligados ao Brasil, à América Latina e à União Europeia, embora o brasileiro hoje não ocupe nenhum cargo público.

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