Descrição de chapéu talibã Ásia

Bomba explode ônibus em bairro xiita de Cabul e deixa mortos e feridos

Região é alvo frequente de ataques do Estado Islâmico, que intensificou atentados após Talibã retomar o poder

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Cabul | Reuters

Uma nova explosão em Cabul, capital afegã, deixou um número ainda desconhecido de mortos neste sábado (13). O artefato explodiu em um microônibus na área de Dasht-e-Barchi, povoada pela minoria étnica xiita hazara, alvo frequente de atentados organizados pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Funcionários do hospital local mencionaram à agência de notícias AFP a morte de uma pessoa, enquanto outras quatro estariam feridas. Já à agência Reuters, um membro do grupo fundamentalista Talibã informou que seis morreram e ao menos sete tiveram ferimentos.

Mulheres muçulmanas em uma mesquita de Dasht-e-Barchi, região alvo de ataque neste sábado (13) - Hoshang Hashimi - 1º.out.21/AFP

O jornalista Hamid Seighani, que trabalhava para a rede de televisão Ariana, foi morto na explosão, informaram o Centro de Jornalistas Afegãos e sua mulher. "Infelizmente perdemos outro jornalista", disse uma mensagem da organização no Twitter.

Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque até o momento, e o principal porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, afirmou que uma investigação estava em andamento. Nesta sexta-feira (12), outra explosão, desta vez em uma mesquita de Jalalabad, deixou três mortos.

Um morador local, que afirma ter chegado na área poucos minutos após a explosão, relatou à Reuters que a bomba usada era magnética e que ajudou a transportar os feridos para um hospital próximo. Ao menos três pessoas estavam mortas, afirmou.

Imagens e vídeos compartilhados nas redes sociais mostram as chamas e uma espessa nuvem de fumaça no céu. O diretor de um hospital local relatou que ao menos duas pessoas sofreram queimaduras graves.

A região de Dasht-e-Barchi vinha sendo palco de ataques mesmo antes de o grupo fundamentalista Talibã retomar o poder no país. Em maio, o local sofreu uma série de explosões, que chegaram a atingir uma escola para meninas, deixando 85 mortos e 300 feridos.

Um carro bomba explodiu na frente da instituição de ensino e, quando as estudantes saiam do local, outras bombas foram ativadas. A suspeita é de que o EI-Khorasan, ramificação afegã do Estado Islâmico, seja o autor dos ataques, ainda que o grupo não tenha reivindicado autoria.

No primeiro semestre de 2020, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) encerrou as atividades em Dasht-e-Barchi após um ataque matar 16 mães, uma obstetriz e duas crianças de 7 e 8 anos no local. À época, em nota, os MSF lamentaram o episódio e afirmaram que o trabalho ali prestado era considerado um dos maiores projetos de saúde materno-infantil do mundo –16 mil partos foram realizados ali em 2019.

Desde que o Talibã retomou o controle de Cabul, atentados que deixam dezenas de mortos têm se multiplicado, com a maioria sendo reivindicada pelo EI. O ataque deste sábado é o sexto incidente do tipo nos últimos 40 dias.

O EI-Khorasan também reivindicou a autoria de um ataque no aeroporto de Cabul, em 26 de agosto, que matou mais de 170 afegãos e 13 militares americanos. O atentado se deu em meio à retirada das tropas ocidentais do país, quando civis se aglomeravam no entorno do terminal tentando também deixar o Afeganistão.

Desde que foi criado, em meados de 2014, o braço afegão do grupo terrorista apresentou uma série de divergências públicas com o Talibã, que já resultaram em conflitos armados e disputa territorial, em especial na fronteira com o Paquistão. O grupo faz ameaças para desestabilizar o governo que a facção fundamentalista islâmica tenta consolidar no Afeganistão para conseguir apoio internacional.

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