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Cadetes se vestem de nazistas e provocam repúdio na Colômbia

Episódio causou mal-estar diplomático com Alemanha, Israel e EUA

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DW

Alunos de uma escola de formação de policiais na Colômbia se vestiram de nazistas durante um evento cultural na quinta (18), em um episódio que provocou mal-estar diplomático com as embaixadas de Alemanha, Israel e EUA e forçou o presidente Iván Duque a se manifestar publicamente contra o ato.

Imagens de um evento na escola Simón Bolívar, no município de Tuluá, no sudoeste da Colômbia, no qual os alunos utilizaram a iconografia nazista, foram divulgadas nas redes sociais da polícia.

Oficialmente, a instituição organizou o ato como uma espécie de "semana da Alemanha", para promover "intercâmbio cultural" entre os cadetes. Mas em vez de abordar a Alemanha moderna, a escola acabou promovendo o período nazista sem qualquer critério.

Cadetes da polícia colombiana se vestem com uniformes nazistas em evento cultural da corporação
Cadetes da polícia colombiana se vestem com uniformes nazistas em evento cultural da corporação - Reprodução

As fotos, que já foram apagadas das páginas oficiais da instituição, mostram estudantes vestidos com suásticas no braço e uniformes da SS, a polícia nazista. As imagens também exibem um policial fantasiado de Adolf Hitler ao lado de um pastor alemão, um modelo de jato militar alemão da Segunda Guerra, modernas bandeiras alemãs e balões pretos, vermelhos e amarelos por toda parte.

Reação de Alemanha, Israel e Estados Unidos

As embaixadas alemã e israelense expressaram numa declaração "repúdio total" e pediram punições aos responsáveis. "Acontecimentos como esse são ultrajantes e ofendem diretamente os judeus e todas as vítimas do regime nazista e seus criminosos", afirmaram as representações em uma declaração conjunta.

O embaixador dos EUA na Colômbia, Philip S. Goldberg, também divulgou uma condenação dura. "Estou chocado e profundamente desapontado com o uso de símbolos e uniformes nazistas nas instalações de treinamento da polícia da Colômbia. Nenhuma explicação é suficiente", escreveu na conta da embaixada no Twitter. A polícia colombiana recebe assistência técnica e financeira permanente dos Estados Unidos.

Nesta sexta-feira (19), o presidente Iván Duque se manifestou em rede social. "Qualquer apologia do nazismo é inaceitável. Condeno qualquer manifestação que faça uso ou referência a símbolos alusivos aos que foram responsáveis pelo Holocausto judaico que tirou a vida de mais de 6 milhões de pessoas."

Há duas semanas, Duque havia feito uma visita de estado a Israel, onde prestou homenagem às vítimas do Holocausto no museu Yad Vashem, em Jerusalém.

Diretor de escola perde o cargo

A polícia retirou o diretor da escola Simon Bolívar, Jorge Ferney Bayona, de seu cargo, mas não o demitiu da instituição. Também pediu desculpas pelo que chamou de "atividade de natureza pedagógica sobre a história mundial". Em um comunicado, a polícia colombiana disse que "rejeita veementemente a decisão tomada dentro da escola" e que o uso de símbolos nazistas era "inaceitável".

"Não houve homenagem ao nazismo, o que o diretor da escola fez de forma totalmente equivocada foi uma atividade acadêmica para ilustrar da forma mais absurda e errada o momento histórico vivido naquela época", disse a general Yackeline Navarro, diretora nacional das escolas de polícia, à rádio Blu.

As fotografias do evento sobre o nazismo estavam acompanhadas da hashtag #TransformaciónPolicial.

Criticada internacionalmente por abusos e pela repressão violenta a recentes manifestações, a polícia colombiana está passando por uma campanha de "transformação" para tentar melhorar sua imagem, que incluiu uma mudança de uniforme, do verde para azul, e mais treinamento em direitos humanos.

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