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Covid de candidato força quarentena de rivais e campanha virtual no Chile

Disputa chega à reta final acirrada entre esquerdista Boric e nome da ultradireita Kast

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Florianópolis

Com a campanha à Presidência do Chile praticamente paralisada devido à Covid-19 a 18 dias da eleição, uma pesquisa mostra os candidatos Gabriel Boric, esquerdista, e José Antonio Kast, de ultradireita, em uma disputa acirrada pela liderança.

O levantamento Criteria divulgado nesta quinta-feira (4) aponta Boric com 24% e Kast com 23% das intenções de voto para ser o sucessor de Sebastián Piñera. Já na pesquisa Data Influye, publicada nesta quarta (3), a diferença é um pouco maior, com o esquerdista liderando com 32%, seguido pelo conservador com 27%.

Da esq. p/ dir., os candidatos à Presidência do Chile Gabriel Boric, Yasna Provoste, Sebastian Sichel e Eduardo Artes, durante debate
Da esq. p/ dir., os candidatos à Presidência do Chile Gabriel Boric, Yasna Provoste, Sebastian Sichel e Eduardo Artes, durante debate - Javier Torres - 1º.nov.21/AFP

Em meio à disputa acirrada entre os dois presidenciáveis, seis dos sete candidatos precisaram paralisar suas campanhas após Boric receber o resultado positivo para Covid-19. Segundo pessoas próximas, o esquerdista, que já foi vacinado, tem apenas febre.

Ainda que os demais candidatos não tenham recebido diagnóstico da doença também, as restrições no Chile exigem que qualquer pessoa que se encontrou com alguém infectado fique isolada por sete dias —a quarentena, então, se tornou obrigatória para os que participaram de um debate na última segunda-feira (1º), em Santiago, por exemplo, ao qual Boric compareceu.

O único postulante que não foi afetado é o economista Franco Parisi, que mora nos EUA e faz campanha de lá.

Após o caso do esquerdista, entrevistas coletivas foram transferidas para o ambiente virtual, e viagens acabaram canceladas. Nesta quinta, os candidatos participaram de um novo debate, em formato digital, em um fórum sobre governo e desenvolvimento de cidades.

Um dos impactados pelo isolamento é justamente o principal rival de Boric. Kast, que disparou nas pesquisas após o debate de 22 de setembro, garantiu em vídeo publicado em rede social que irá seguir as normas sanitárias. "Espero vê-los novamente em breve."

A campanha do advogado direitista já tinha forte presença online. O candidato investiu em uma estratégia forte nas redes sociais, o que inclui responder a perguntas de eleitores, fazer dancinhas e mostrar a campanha pelo interior do país no TikTok.

Kast, que disputou a Presidência em 2017 e recebeu 8% dos votos, é conhecido por suas frases elogiosas ao período ditatorial do Chile, tornou-se um dos principais críticos da Assembleia Constituinte do país e defende uma plataforma anti-imigração.

Já o governista Sebastian Sichel —que fez movimento oposto de Kast nas pesquisas, em queda livre— afirmou em uma rede social que irá compartilhar online suas propostas, mas já anunciou seu retorno às ruas para a próxima terça (9).

Sichel sofre com o desgaste do atual mandatário, Sebastián Piñera, e aparece hoje com menos de 10% das intenções de voto. No levantamento da Criteria, a senadora democrata-cristã Yasna Provoste ocupa hoje a terceira posição (9%), seguida pelo governista e por Parisi, ambos com 8%, e depois por Marco Enríquez-Ominami (6%) e Eduardo Artés (2%).

Para ser eleito em primeiro turno, que acontece em 21 de novembro, um candidato precisa conquistar mais de 50% dos votos, cenário que se mostra cada vez mais difícil. O pleito também vai decidir os novos membros do Congresso e de 16 conselhos regionais. Um provável segundo turno presidencial está marcado para 19 de dezembro, e o novo presidente assume em 11 de março de 2022.

Um dos desafios que já se desenham para o futuro são os conflitos por terra. Os embates entre o Estado e os povos indígenas mapuches extrapolaram a região da Patagônia e têm papel central nas campanhas.

Kast chama os manifestantes mapuches de terroristas e defende o uso das Forças Armadas nas desocupações de terra. Já Boric afirma que "há muito o que aprender com os mapuches". O esquerdista, na campanha, vinha viajando ao sul do Chile e prometendo que, se eleito, reconhecerá a soberania desse povo e implementará políticas de inclusão.

A população mapuche habita a região conhecida como Araucania desde o século 5º, muito antes da chegada dos conquistadores espanhóis. Embora existam diversas tribos e ramificações, esses indígenas compartilham uma forte identidade comum no vestuário, nos costumes e em seu idioma, o mapudungún. A população desse grupo no Chile é estimada em 1,8 milhão de pessoas.

Recentemente, o governo de Piñera enviou militares à região sul do país devido a uma série de invasões e ataques realizados por grupos mapuches a fazendas e comércios.

Com AFP e Reuters

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