Descrição de chapéu Governo Biden Coronavírus

EUA querem aumentar produção de vacinas frente a críticas sobre baixo acesso de países pobres

Medida a ser anunciada pela Casa Branca para diminuir escassez global de doses teria indústria doméstica como foco

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Os EUA estão prestes a anunciar um pacote bilionário para alavancar a produção de vacinas contra a Covid-19. A medida visa aumentar a produção doméstica e o fornecimento global de doses, respondendo a críticas feitas ao governo de Joe Biden devido à desigualdade de acesso a imunizantes em países pobres.

A informação foi antecipada pelo jornal The New York Times, que entrevistou dois conselheiros do líder democrata. A meta seria produzir pelo menos 1 bilhão de doses por ano a partir do segundo semestre de 2022 por meio de parcerias com a indústria farmacêutica.

O presidente americano, Joe Biden, discursa no estado de New Hampshire
O presidente americano, Joe Biden, discursa no estado de New Hampshire - John Tully - 16.nov.21/Getty Images/AFP

O montante a ser investido não foi informado, mas, segundo David Kessler, supervisor de distribuição de vacinas da administração Biden, o valor, estimado em "vários bilhões", já estaria reservado no pacote de gastos de US$ 1,9 trilhão (R$ 10,4 trilhões) promulgado pelo presidente americano em março para combater a pandemia e os efeitos da crise na economia do país.

Ainda segundo Kessler, ex-chefe da FDA (agência de regulação de medicamentos), o investimento está sendo organizado para garantir a capacidade de resposta americana a novas variantes do coronavírus e se preparar para um possível repique da crise sanitária ou mesmo o surgimento de outra pandemia.

"O objetivo, no caso de uma futura pandemia, é ter capacidade de vacinar dentro de seis a nove meses da identificação do patógeno pandêmico e ter vacinas suficientes para todos os americanos", detalhou ele ao New York Times. Seriam chamadas a participar da iniciativa farmacêuticas capacitadas para produzir imunizantes usando a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), como são as da Pfizer e da Moderna.

O anúncio, previsto para esta quarta (17), é visto como um sinal diplomático. Com doses suficientes para toda a população, os EUA são um dos países que já aplicam a dose extra da vacina, mas se veem pressionados a assumir a liderança na distribuição de imunizantes, especialmente para nações africanas.

Enquanto na América do Norte 63% da população recebeu ao menos uma dose –54% está com esquema vacinal completo–, o percentual na África alarma especialistas. No continente, apenas 6,7% da população recebeu as duas doses, segundo dados do Our World in Data, plataforma da Universidade Oxford.

Não está claro se o plano de Biden vai satisfazer os críticos, uma vez que, segundo as informações adiantadas à imprensa, o investimento será destinado à fabricação doméstica —como e quando escoar a produção são aspectos incertos. Kessler disse que o esforço visa especificamente desenvolver a capacidade interna dos EUA, mas que "essa capacidade é importante para o abastecimento global".

As pressões ao governo vêm da comunidade internacional e também de grupos americanos. Em setembro, ativistas –muitos dos quais veteranos do movimento que nos anos 1980 e 1990 se mobilizou para que medicamentos contra a Aids fossem distribuídos pelo mundo– fizeram manifestações no país.

Em um dos protestos, o grupo depositou uma montanha de ossos falsos fora da casa de Ron Klain, chefe de gabinete de Biden, e outra na casa do presidente-executivo da Moderna, Stephane Bancel. A imagem simbolizava, de acordo com os manifestantes, os milhares de pessoas que morreram pelo mundo, em especial nas nações pobres, porque não tiveram a chance de se imunizar contra a Covid.

Os EUA vacinaram com ao menos uma dose 67,7% da população do país, e 57,7% receberam as duas doses. Segundo dados atualizados diariamente pelo Departamento de Estado, a Casa Branca já doou 245 milhões de doses do imunizante para outros países.

Com The New York Times

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