O filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, assassinado em 2011 durante um levante popular, apareceu publicamente pela primeira vez em uma década neste domingo (14) para se registrar como candidato à Presidência, em uma eleição planejada para acabar com anos de caos desde que seu pai foi derrubado.
Saif al-Islam Muammar Gaddafi, 49, apareceu em um vídeo da comissão eleitoral com a tradicional túnica marrom, turbante, barba grisalha e óculos, assinando documentos no centro eleitoral na cidade de Sebha.
Ele é uma das figuras mais proeminentes e controversas entre os concorrentes do pleito, previsto para dezembro. A lista também inclui o comandante militar oriental Khalifa Haftar, o primeiro-ministro Abdulhamid al-Dbeibah e a presidente do Parlamento, Aguila Saleh.
Nesta sexta-feira (12), uma conferência em Paris acordou punir qualquer um que interromper ou impedir a votação. Espera-se que o pleito coloque um ponto final nos combates entre grupos rivais nos últimos anos. Mas, faltando menos de seis semanas para a eleição, ainda não há acordo sobre as regras para decidir quem pode concorrer.
Apesar de seu nome ser um dos mais conhecidos na Líbia e de ter desempenhado um papel importante na formulação de políticas antes do levante que destituiu o regime de sua família, Saif al-Islam mal foi visto por uma década.
A única aparição pública dele desde que foi capturado durante o conflito em 2011 se deu via videolink, diante de um tribunal de Trípoli que o condenou à morte por crimes de guerra.
Apesar dessa decisão, ele nunca deixou a região montanhosa de Zintan, que fica fora do controle das autoridades de Trípoli, onde seus captores posteriormente permitiram que ele saísse em liberdade.
O filho do ditador também é procurado pelo Tribunal Penal Internacional.
A era de Muammar Gaddafi ainda é lembrada por muitos líbios como uma severa autocracia, e Saif al-Islam e outras figuras do antigo regime estiveram fora do poder por tanto tempo que podem ter dificuldade para mobilizar tanto apoio quanto seus rivais.
Gaddafi foi capturado por combatentes da oposição em outubro de 2011 e sumariamente baleado. Saif al-Islam foi preso dias depois por combatentes de Zintan, enquanto tentava fugir da Líbia para o Níger.
O agora candidato à Presidência é um mistério para os líbios. Os combatentes de Zintan o mantiveram por anos fora da vista do público e suas opiniões sobre a crise no país não são conhecidas.
Ele deu uma entrevista ao jornal americano The New York Times no início deste ano, mas ainda não fez nenhuma aparição pública falando diretamente aos líbios.
Graduado na London School of Economics e fluente em inglês, Saif al-Islam já foi visto por muitos governos como um aliado do Ocidente na Líbia. Mas, quando a rebelião estourou em 2011 contra o longo regime de seu pai, ele escolheu a lealdade à família e ao clã.
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