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Grupo ataca com bombas sede do jornal argentino Clarín, em Buenos Aires

Episódio repudiado pelo presidente Alberto Fernández e por entidades de imprensa não deixou feridos

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São Paulo

Um grupo de nove pessoas encapuzadas lançou uma série de bombas contra a sede do jornal argentino Clarín na noite desta segunda-feira (22), em Buenos Aires.

O atentado foi filmado por câmeras de segurança, que capturaram o momento em que o grupo chega a pé, às 23h05, e lança pelo menos sete coquetéis molotov —tipo de bomba caseira em que se coloca um líquido inflamável dentro de uma garrafa de vidro— contra o prédio de um dos principais veículos do país.

Momento em que coquetel molotov explode na sede do jornal argentino Clarín
Momento em que coquetel molotov explode na sede do jornal argentino Clarín - Reprodução

As imagens divulgadas pelo Clarín mostram o momento em que os criminosos chegam à rua onde fica a sede do jornal, próximo ao parque Lezama, no bairro de Barracas. Primeiramente, uma das pessoas arremessa uma bomba em direção ao prédio. Logo depois, dois ônibus chegam à rua e o grupo espera alguns segundos; quando os veículos passam, um outro ataque é feito ao local –que estava fechado no momento.

Os artefatos danificaram a fachada do prédio e provocaram um princípio de incêndio na entrada, mas não deixaram feridos. O corpo de bombeiros chegou minutos depois, mas não precisou intervir, porque os focos se extinguiram sozinhos.

Ainda não se sabem as motivações do crime. De acordo com o jornal, investigadores conseguiram identificar impressões digitais em uma das garrafas que não chegou a explodir e o objeto será periciado pela Polícia Federal argentina.

Apesar de as imagens disponibilizadas pelo Clarín mostrarem o momento exato do ataque, os investigadores, ainda de acordo com o jornal, apontam dificuldade em identificar os criminosos por meio delas e, assim, estão à procura de gravações de câmeras da prefeitura. O caso é investigado pela unidade antiterrorismo.

Ainda segundo a publicação, ao menos nove pessoas estariam envolvidas no episódio, e uma delas seria estrangeira.

Em comunicado, o Grupo Clarín, maior conglomerado de mídia do país —além de editar o jornal homônimo a empresa também é dona do esportivo Olé e dos canais de TV Trece e Todo Noticias—, condenou o ataque, que chamou de "expressão violenta de intolerância", e pediu esclarecimento e punição urgentes.

O atentado foi repudiado também por políticos e entidades de todo o país. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, escreveu em uma rede social: "A violência sempre perturba a convivência democrática. esperamos que os fatos sejam esclarecidos e os autores, identificados".

Seu antecessor, Mauricio Macri, afirmou que o ataque "é uma tentativa gravíssima de amedrontar o veículo e toda a imprensa". "Um fato inaceitável que lembra as práticas violentas do passado. Repudio a agressão e envio minha solidariedade. Que o governo e a Justiça esclareçam o que aconteceu e detenham os responsáveis", disse.

O atual ministro da Segurança, Aníbal Fernández, afirmou que confia "que os autores serão identificados e punidos." Outros ministros do atual governo também criticaram o atentado.

A Adepa (Associação de Entidades Jornalísticas da Argentina) afirmou que "condena energicamente o fato, que é uma expressão violenta de intolerância contra um grupo de meios de comunicação e configura um grave ataque à liberdade de expressão".

Outras entidades de classe se manifestaram, como o Foro de Jornalistas Argentinos (Fopea), a Academia Nacional de Jornalismo, a Associação Argentina de Televisão a Cabo (ATVC) e o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires (Sipreba).

Em comunicado, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) repudiou o ataque e pediu agilidade nas investigações.

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