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Igreja Católica na França venderá bens para indenizar vítimas de pedofilia

Bispos não usarão doações de fiéis, decide conferência; 216 mil casos foram documentados desde 1950

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Lourdes (França) | AFP

Os bispos franceses vão vender bens de suas dioceses ou recorrer a empréstimos para indenizar as vítimas de pedofilia dentro da Igreja Católica, descartando assim o uso de doações de fiéis, afirmou o presidente da Conferência Episcopal, Éric de Moulins-Beaufort, nesta segunda-feira (8).

Os prelados se comprometeram a "nutrir" o fundo de indenização das vítimas, "livrando-se dos bens imóveis da Conferência Episcopal da França e das dioceses", disse Moulins-Beaufort.

O presidente da Conferência Episcopal, Eric de Moulins-Beaufort, ajoelha-se durante cerimônia sobre reparação a vítimas de pedofilia em Lourdes
O presidente da Conferência Episcopal, Eric de Moulins-Beaufort, ajoelha-se durante cerimônia sobre reparação a vítimas de pedofilia em Lourdes - Valentine Chapuis/AFP

No fim de sua reunião anual no centro de peregrinação de Lourdes, no sul da França, as autoridades diocesanas também decidiram fazer um empréstimo "para antecipar as necessidades", acrescentou.

Anunciada em entrevista coletiva após o encontro, a decisão responde a uma das propostas da comissão independente que estimou em mais de 216 mil o número de casos de agressão sexual a menores cometidos por religiosos desde 1950.

Outra decisão adotada no encontro foi a de encarregar a jurista francesa Marie Derain de Vaucresson, ex-defensora de crianças e adolescentes, de formar uma instância nacional independente de reconhecimento e de reparação. O órgão será responsável por instruir as ações.

Na sexta-feira (5), os bispos franceses reconheceram a "responsabilidade institucional" da Igreja Católica e a "dimensão sistêmica" dessas agressões, em linha com o que foi proposto pela Comissão Independente sobre Abusos Sexuais na Igreja.

Entre 45 recomendações, a comissão pediu à instituição, em outubro, que reconhecesse sua responsabilidade sistêmica, social e civil nos fatos e implementasse mecanismos de reconhecimento das vítimas, como cerimônias públicas, missas ou memoriais.

Para financiar as indenizações às vítimas, a comissão pediu que as doações dos fiéis fossem descartadas como fonte de recursos. Em vez disso, propôs que sejam oriundas do patrimônio dos agressores e da Igreja Católica na França, uma questão também abordada pelos bispos na semana passada.

Embora o objetivo seja indenizar as vítimas com o patrimônio da igreja ou com empréstimos, uma autoridade da Conferência Episcopal afirmou que não impedirá os fiéis de fazer doações para este fim.

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