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Juiz americano rejeita 7 de 8 acusações contra aliado de Maduro extraditado aos EUA

Decisão faz parte de acordo com Cabo Verde, onde Alex Saab estava preso

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Miami | AFP

Um juiz dos Estados Unidos rejeitou na segunda-feira (1º) sete das oito acusações de lavagem de dinheiro contra o colombiano Alex Saab, considerado testa de ferro do ditador venezuelano Nicolás Maduro, devido a garantias dadas a Cabo Verde durante o processo de extradição do réu.

O empresário de 49 anos e seu sócio Álvaro Pulido, cujo paradeiro é desconhecido, são acusados nos Estados Unidos de dirigir uma rede que explorava um programa de distribuição de comida na Venezuela.

Grafite em rua de Caracas em apoio ao empresário Alex Saab, aliado de Nicolás Maduro
Grafite em rua de Caracas em apoio ao empresário Alex Saab, aliado de Nicolás Maduro - Leonardo Fernandez Viloria - 9.set.21/Reuters

Eles são suspeitos de transferir cerca de US$ 350 milhões (R$ 1,9 bilhão) para contas que controlavam no território americano e em outros países. Acusado de lavagem de dinheiro em 2019 em Miami, Saab foi preso em junho do ano passado em Cabo Verde, durante a escala de um voo.

Agora, desde 18 de outubro, logo após ter sido extraditado a pedido dos EUA, ele passou a ser julgado na cidade americana. Assim, numa das etapas do processo, a Justiça deixou de lhe imputar sete acusações e manteve apenas uma, a de conspiração para lavagem de dinheiro, punível com até 20 anos de prisão.

A decisão ocorre porque, no dia 7 de setembro de 2020, durante o processo de extradição, os EUA deram garantias a Cabo Verde de que "não processariam ou puniriam o acusado Alex Nain Saab por mais que uma acusação", cumprindo assim uma lei cabo-verdiana relativa à pena máxima de detenção, como explicou o Ministério Público no pedido enviado ao juiz Robert Scola, que assinou a ordem.

Ainda segundo o Ministério Público, a decisão de rejeitar as sete acusações afeta Saab, não Pulido.

A extradição do aliado enfureceu Maduro, que deu ao colombiano a nacionalidade venezuelana e um título de embaixador e lutou, sem êxito, para evitar a transferência dele para os EUA.

Em comunicado, o ditador do país caribenho denunciou o que chamou de "sequestro do diplomata venezuelano Alex Saab pelo governo dos EUA em cumplicidade com autoridades cabo-verdianas", e os advogados do empresário afirmam que as denúncias americanas têm motivações políticas.

De acordo com analistas, o maior receio do regime chavista é o de que Saab dê informações à Justiça sobre rotas de dinheiro e esquemas de suborno. O governo tentou libertar o empresário diversas vezes, afirmando que o colombiano sofria maus tratos e tortura na prisão.

Filho de um empresário libanês radicado em Barranquilla, na Colômbia, Saab começou a trabalhar como vendedor de chaveiros promocionais antes de ingressar no setor têxtil, no qual chegou a ter cem armazéns que exportavam para mais de dez países, de acordo com biografias oficiais.

O primeiro contrato que assinou na Venezuela foi em 2011, no palácio presidencial de Miraflores. À época, Maduro era chanceler do presidente Hugo Chávez, e um jovem Saab fechou o que foi chamado de aliança estratégica para a constituição e instalação de kits para a construção de casas pré-fabricadas. O então presidente colombiano, Juan Manuel Santos, participou do evento.

Foi com a chegada de Maduro à liderança do país que Saab se tornou quase que imediatamente o empreiteiro consentido e, depois, seu ministro plenipotenciário nos bastidores, segundo jornalistas.

Mais tarde, o empresário ganhou um contrato para a construção de ginásios no valor de US$ 100 milhões, pagos antecipadamente, e um de petróleo com uma empresa fantasma sem experiência, que acabou caindo após reclamações de outras companhias do setor.

Em 2016, Maduro criou os Comitês Locais de Abastecimento e Produção, um plano de distribuição de alimentos subsidiados, em um momento de desabastecimento de mais de dois terços dos produtos básicos. Saab então se tornou um dos fornecedores, conseguindo importantes acordos comerciais.

A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega classificou Saab como o "principal testa de ferro da autocracia" de Maduro e de sua família e afirmou que a extradição dele "é uma conquista para aqueles de nós que buscam justiça contra os responsáveis pela tragédia e o caos que os venezuelanos vivem".

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