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Suíça mantém passe sanitário obrigatório após contestação que gerou divisão no país

Críticos da exigência apontavam restrição de liberdade desnecessária, mas maioria votou a favor da prova de vacinação

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Bruxelas

Em meio às preocupações com a variante ômicron do coronavírus, potencialmente mais contagiosa, eleitores suíços aprovaram que o certificado digital de Covid continue sendo exigido para frequentar restaurantes, bares, cafés, cinemas, museus, jogos e aulas em universidades.

A votação havia sido convocada por cidadãos que consideravam a exigência do passe, em vigor desde setembro, uma restrição desnecessária à liberdade das pessoas.

A oposição ao certificado cresceu quando os testes para coronavírus, uma opção à vacinação, deixaram de ser gratuitos, levando à proposta de referendo.

A obrigatoriedade do documento foi apoiada por 62% dos suíços em um referendo realizado neste domingo (28). O comparecimento às urnas, de 66%, foi alto em relação à média.

Homem de barba branca e óculos escuros segura bandeira da Suíça, vermelha com uma cruz branca
Suíço faz campanha contra restrições para conter a transmissão do coronavírus - Arnd Wlegmann/Reuters

A Suíça tem um sistema de democracia direta, que abrange três tipos de consultas aos eleitores: 1) referendos obrigatórios, para alterar a Constituição, introduzir legislação federal de emergência por mais de um ano ou ingressar em organização internacional; 2) iniciativas populares, quando uma proposta de nova lei tem o endosso de no mínimo 100 mil assinaturas, e 3) referendos facultativos, quando ao menos 50 mil eleitores pedem nova opinião sobre uma regra em vigor, caso deste domingo.

Assim como outros países com população germânica, a Suíça tem encontrado dificuldade para ampliar a porcentagem de habitantes completamente vacinados. As doses recomendadas foram dadas até agora a cerca de 66% de sua população, índice comparável ao da Áustria ou da Alemanha.

Apesar disso, a taxa de mortos por 1 milhão de habitantes na Suíça está bem abaixo dos outros dois países germânicos. Nos 14 dias encerrados em 21 de novembro, ela foi de 15 na Suíça, 25 na Alemanha e 47 na Áustria. O número de mortes por semana ainda é um décimo do que já foi no pior momento, no final do ano passado.

No último mês, porém, houve uma explosão de novos casos semanais de Covid nas últimas semanas: o número se multiplicou por 8 em um mês, ultrapassando os 42 mil na semana encerrada no dia 21 de novembro.

O surgimento da variante ômicron pode ter ajudado a levar mais apoiadores do certificado às urnas, após semanas de debates e manifestações —algumas delas violentas— sobre o tema no país.

Apesar do apoio da maioria dos suíços, as leis foram rejeitadas em dois dos 26 cantões e tiveram aprovação muito apertada em outros sete. A maior aprovação ocorreu na Basileia e em Zurique.

Também neste domingo os suíços aprovaram uma reforma das condições de trabalho dos enfermeiros, com 61% dos votos —em apenas um dos cantões não houve maioria.

Na sexta-feira (26), a Suíça seguiu outros países e suspendeu temporariamente voos vindos do sul da África, onde foram sequenciadas as primeiras amostras da nova cepa. A medida levou a OMC (Organização Mundial do Comércio) a adiar indefinidamente sua principal reunião de cúpula, a 12ª Convenção Ministerial, que começaria nesta semana.

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