Descrição de chapéu Governo Biden

'Xamã do QAnon' é condenado a 3 anos e 5 meses de prisão por invasão do Capitólio

Jacob Chansley já havia se declarado culpado; pena é a mais severa aplicada para envolvidos no episódio

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Washington | Reuters

Jacob Chansley, que ficou conhecido como 'xamã do QAnon' depois de aparecer usando um chapéu de pele com chifres e com o rosto pintado de vermelho, branco e azul durante a invasão da sede do Legislativo americano em janeiro, foi condenado nesta quarta-feira (17) a 3 anos e 5 meses de prisão por um juiz federal dos EUA.

Em setembro, Chansley, 34, declarou-se culpado das acusações de obstrução de um processo oficial —o ataque ao Capitólio ocorreu durante a sessão de certificação da vitória eleitoral do democrata Joe Biden, que sucedeu Donald Trump na Casa Branca.

Jacob Chansley, apelidado de 'xamã do QAnon', durante invasão do Capitólio, em 6 de janeiro - Stephanie Keith - 6.jan.21/Reuters

Os promotores do caso haviam pedido ao juiz Royce Lamberth, responsável pela sentença, que estabelecesse pena mais longa, de 51 meses (4 anos e 3 meses). O magistrado, porém, seguiu a mesma pena aplicada na última semana a um ex-lutador de artes marciais que também participou do episódio e foi filmado agredindo um policial –a pena de 41 meses é a mais severa aplicada até agora nos quase 700 casos criminais decorrentes da invasão do Capitólio.

Ainda que aquém do demandado, a procuradora Kimberly Paschall disse que a sentença é suficiente para dissuadir outros americanos a cometerem atos do tipo. "A Justiça não ficará de braços cruzados enquanto a transferência pacífica de poder é atacada", declarou.

Para detalhar a gravidade do caso, ela lembrou que Chansley havia publicado mensagens nas redes sociais com ameaças a políticos antes mesmo da invasão. "Se o acusado fosse pacífico, não estaria aqui hoje", disse Paschall. "Uma multidão que invade o Capitólio com o objetivo de interromper as atividades dos parlamentares não é pacífica."

Chansley compareceu ao tribunal com um macacão verde-escuro da prisão, barba e cabeça raspada. "A parte mais difícil disso é que eu sei que sou culpado", disse, em um longo comunicado antes de a sentença ser proferida. "Achei que ia pegar 20 anos de prisão."

O americano insistiu que não é um criminoso perigoso nem um homem violento. "E certamente não sou um terrorista", acrescentou. "Sou apenas um bom homem que violou a lei."

Detido desde janeiro, Chansley recebeu diagnóstico de esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão e ansiedade. Ao se declarar culpado, disse que ficou decepcionado por não ter recebido de Trump o perdão presidencial, algo que o blindaria das acusações criminais.

Natural de Phoenix, no Arizona, ele ficou conhecido como "QAnon Shaman" (xamã QAnon, em português) devido à propagação que faz de teorias da conspiração QAnon.

Ele foi preso três dias após a invasão da sede do Legislativo americano e acusado de desordem civil, obstrução e conduta desordeira. De acordo com promotores do caso, durante o ataque Chansley deixou um bilhete na mesa do então vice-presidente dos EUA, Mike Pence, no qual estava escrito: "É apenas uma questão de tempo, a justiça está chegando".

Cinco pessoas morreram durante a invasão do Capitólio, entre as quais um policial, que foi atacado por manifestantes. Meses depois, quatro agentes, que também estavam presentes durante o ataque, cometeram suicídio. Cerca de 140 oficiais de segurança ficaram feridos.

O ataque foi insuflado por Trump, então presidente, que, durante manifestação na capital Washington, orientou ativistas a se dirigirem até a sede do Legislativo.

Nesta segunda (15), Steve Bannon, aliado e ex-conselheiro do republicano e outro nome envolvido no episódio, entregou-se ao FBI, a polícia federal americana. Ele foi indiciado por desacato ao não cumprir intimações do Congresso para depor e apresentar documentos sobre a invasão do Capitólio e ficou detido até ser liberado horas depois. Bannon se declarou inocente das acusações nesta quarta.

Mais de 30 pessoas já foram condenadas por conexão com o ataque, e a maioria evitou a pena de prisão ao se declarar culpada de crimes menores, como conduta desordeira.

Com The New York Times

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