Descrição de chapéu América Latina

De Meryl Streep a Pamuk, artistas assinam carta em defesa da liberdade de expressão em Cuba

Texto reúne 300 nomes, entre os quais os brasileiros Gregorio Duvivier e Adriana Carranca

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Buenos Aires

Mais de 300 personalidades do mundo das artes em diversos países assinaram um documento pedindo o "fim imediato dos abusos cometidos contra artistas cubanos". O documento foi criado pelo PEN Internacional (clube internacional de escritores) e a ONG Human Rights Watch.

Os signatários pedem respeito à liberdade de expressão e a libertação de artistas detidos arbitrariamente, assim como a retirada de acusações criminosas e a permissão para que exilados retornem a seu país.

Rua de Havana um dia após a maior onda de protestos contra o governo em Cuba
Rua de Havana um dia após a maior onda de protestos contra o governo em Cuba - Yamil Lage - 12.jul.21AFP

"O regime cubano persegue de modo sistemático cantores, artistas visuais e dramaturgos em todo o país. O simples fato de cantar 'Patria y Vida' [canção que foi trilha sonora de protestos em julho] é hoje considerado um delito em Cuba. Hoje, por meio dessa carta, centenas de artistas exigem que se coloque fim a essa repressão brutal", disse à Folha Juan Pappier, da Human Rights Watch.

Entre os artistas e intelectuais que assinaram a declaração estão a atriz Meryl Streep, a artista Tania Bruguera, a cineasta Isabel Coixet, o cartunista Art Spiegelman, o historiador Simon Schama, o escritor Paul Auster e os vencedores do prêmio Nobel de Literatura Orhan Pamuk e J. M. Coetzee​, entre outros.

Entre os brasileiros, assinaram o documento Gregorio Duvivier, Adriana Carranca, Beatriz Bracher e Antonio Prata. Também participam os líderes de coletivos reprimidos pelo regime cubano, como o "San Isidro," o "27N" e o "Archipiélago". "O nível de injustiça e repressão que o governo cubano impõe ao seu próprio povo atinge níveis cada vez mais elevados", afirmou a artista cubana Tania Bruguera.

"O governo não apenas exerce constante censura contra artistas, mas em suas ações para prevenir e criminalizar protestos e dissidências pacíficas agora tornou todo o povo de Cuba inimigo do Estado. Como artista e cubana, tenho muito medo do futuro do meu país."

O documento lembra que ao menos 50 artistas estão presos por participar dos protestos contra a ditadura comunista, entre os quais dois dos autores da canção "Patria y Vida", Luis Manuel Otero Alcántara e Maykel Castillo. Ambos enfrentam protestos por "traição à pátria".

"Nós, artistas de todo o mundo, somos solidários com nossos colegas de Cuba", disse a escritora mexicana Elena Poniatowska. "Como jornalista e escritora, acredito em denunciar e se opor a governos. Acredito que, se um intelectual, escritor ou artista se levantar contra um governo, ele está fazendo uma tarefa indispensável. Não é surpreendente que alguns queiram nos calar quando testemunhamos as vozes, crenças e experiências daqueles que de outra forma não seriam ouvidos. Eles têm medo da verdade porque, uma vez revelada, não pode mais ser escondida", afirmou a autora.

Em julho, a ilha foi palco de raras manifestações de protesto contra o regime, em razão da crise econômica e escassez de medicamentos, agravados pela pandemia da Covid-19. Os atos foram duramente reprimidos pelo governo e resultaram em ao menos uma morte.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.