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Condenação põe em xeque regras da China para dificultar divórcios

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Igor Patrick
Xangai (China)

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O veredito de um tribunal para o caso de uma sobrevivente de violência doméstica gerou um intenso debate nas redes sociais chinesas. A mulher identificada como Xu foi condenada a três anos de prisão por ter apunhalado e matado o marido enquanto se defendia de agressões.

Segundo os autos do processo, ela era vítima de violência do marido alcoólatra havia anos. Xu tentava se divorciar desde 2019, mas teve o pedido negado pelas autoridades. Nos últimos meses, ela tentou terminar o casamento novamente, mas uma nova lei chinesa que impõe um "período de reflexão" antes da separação atrasou o processo.

No dia 15 de julho, ela dormia quando o marido voltou bêbado para casa e começou a espancá-la na cama. Depois, quando tentou enforcá-la, Xu pegou uma tesoura e o apunhalou. Ela chamou a polícia imediatamente e foi presa em flagrante.

No julgamento, o tribunal criminal da cidade de Shantou, no sudeste da China, considerou que a mulher usou um "grau de força desproporcional" ao se defender, constituindo o crime de agressão intencional.

A decisão virou alvo de um intenso debate no Weibo, principal rede social do país e uma espécie de Twitter local. O caso atraiu mais de 200 milhões de visualizações e milhares de comentários, a maioria de apoio à mulher e culpando a morosidade do sistema legal chinês pela tragédia.

Por que importa: uma das grandes novidades implementadas pelo Código Civil chinês promulgado em 2020 foi o chamado "período de reflexão", no qual o homem e a mulher em processo de divórcio precisam aguardar pelo menos 30 dias após a entrega dos documentos de separação para formalizar a decisão.

  • A lei abre uma exceção para sobreviventes de violência doméstica, mas muitos chineses denunciam que as autoridades vêm ignorando a regra.

  • O caso de Xu ilustra as consequências da mudança e pressiona o governo a agir para regulamentar a regra de forma mais clara e justa.

o que também importa

Conhecido pelos posts nacionalistas e provocativos nas redes sociais, o editor do jornal estatal chinês Global Times, Hu Xijin, deixou a função.

Hu ganhou destaque no Ocidente por comentar de forma exagerada e beligerante o noticiário e as relações da China com outros países. A imprensa independente do país especulou que o jornalista, na verdade, foi compulsoriamente aposentado, sobretudo pelo estilo combativo na internet.

Jornalista Hu Xijing deixou a função de editor do Global Times - Reprodução

"Estou chegando aos 62. É hora da aposentadoria", postou Hu, tanto no Twitter como no Weibo. "Vou continuar a contribuir para o jornalismo e para o trabalho de propaganda do partido como um comentarista especial do Global Times. Obrigado pelo apoio," finalizou.

Hu foi substituído por Wu Qimin, que anteriormente serviu como editor-adjunto da editoria de Internacional no Diário do Povo, o jornal de maior circulação e influência na China.

A embaixada da Lituânia na China retirou diplomatas e suas respectivas famílias do país. O episódio representa mais um capítulo na briga entre os dois países desde que os lituanos aceitaram receber um escritório comercial de Taiwan, em novembro.

Segundo a agência de notícias Reuters, pelo menos 19 pessoas, entre funcionários da embaixada e parentes, tiveram seus status rebaixados, já que a China exigiu que a Lituânia mudasse a classificação da sua missão no país para "escritório de negócios", que não conta com imunidade diplomática.

O Ministério das Relações Exteriores lituano lamentou o ocorrido e disse estar "pronto para continuar o diálogo com a China e restaurar as funções da embaixada assim que um acordo mutuamente benéfico for alcançado". A China ainda não comentou.

A variante ômicron foi registrada na China. A cidade de Guangzhou, no sul do país, revelou na terça (14) ter encontrado o material genético da cepa nas amostras de um homem de 67 anos. Ele teria chegado à China em 27 de novembro e recebido resultado negativo para a Covid em testes várias vezes no hotel de quarentena até saber que estava infectado depois de livre.

Chefes de governo locais e nacionais estão agora de prontidão, porque, ao ser liberado da quarentena que fazia em Shanghai, o homem tomou um voo de várias horas para o sul do país.

A viagem ocorreu no sistema de "circuito fechado", no qual o transporte é regulado pelas autoridades sanitárias para evitar contato entre passageiros vindos do exterior e o resto da população.

A China luta para conter os novos focos de Covid do país, a maioria registrados na província de Zhejiang. Pelo menos 50 mil pessoas desta região foram colocadas em quarentena. O governo local reduziu pela metade a lotação máxima de bares e restaurantes e proibiu viagens para fora da província.

fique de olho

Depois de anunciar a desativação do LinkedIn na China por "problemas de conformidade legal", a Microsoft lançou nesta semana uma nova versão da rede social profissional nas lojas de aplicativos do país. O app, renomeado para "Plataforma LinkedIn para Recrutamento Global", foi lançado sem um feed para publicações pessoais. A empresa comentou o lançamento dizendo estar comprometida a "ajudar profissionais da China continental a encontrar trabalho, e empresas chinesas, a descobrirem talentos".

Por que importa: em bom português, por "problemas de conformidade legal" a Microsoft quis dizer que não estava conseguindo lidar com a censura chinesa. Nas semanas anteriores à desativação do LinkedIn, a companhia sofreu um intenso escrutínio por bloquear a visibilidade do perfil de jornalistas americanos e ativistas contrários ao governo chinês.

Com o novo app, sem espaço para publicações, a Microsoft facilita a vida dos censores e mostra que está se tornando cada vez mais complicado para redes ocidentais prosperarem no país.

para ir a fundo

  • O Bi Yi Niao do Livro, projeto do linguista Calebe Guerra, anunciou a publicação independente de uma coletânea de poesias clássicas. A iniciativa será colocada para financiamento coletivo em breve. Os interessados em conhecer mais sobre o livro podem dar uma olhada nos destaques do perfil no Instagram. (pago, em português)
  • Sabia que a dancinha do Fofão da Carreta Furacão brasileira viralizou no Douyin, o TikTok chinês? Duvida? Pois a embaixada chinesa no Brasil postou a versão traduzida do tutorial que ensina os chineses a reproduzir os passos do simpático (e rebolativo) personagem. (gratuito, em português)
  • O World of Chinese traz uma reportagem superinteressante contando como a fusão de instrumentos sírios e chineses moldou uma amizade incomum entre dois músicos e, de brinde, uma sonoridade completamente única que tem encantado espectadores em todo o mundo. (gratuito, em inglês)
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