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Dólar dispara no Chile, e Boric promete gestão responsável

Presidente eleito reuniu-se nesta segunda com o atual mandatário, Sebastián Piñera

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Santiago

O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, afirmou nesta segunda (20) que se preocupa com a reação dos mercados, que registraram um dia negativo após a vitória do esquerdista, mas que não pode ceder a "pressões extrademocráticas".

"As decisões do povo do Chile não deveriam estar sujeitas a pressões que vão por vias distintas das democráticas, mas também temos clara a importância do trabalho das qualificadoras de risco. Nós teremos um compromisso firme com a convergência fiscal."

A cotação do dólar alcançou 876 pesos chilenos (R$ 5,78), valor mais alto desde março de 2020, quando os efeitos da pandemia começaram a ser sentidos na economia. Ao fim do dia, o aumento foi de 3,42% em relação à sexta-feira passada, o maior salto em um dia desde novembro de 2008, durante a crise financeira internacional. O índice IPSA, o principal da Bolsa de Valores de Santiago, teve queda de quase 8%.

O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, durante entrevista coletiva no palácio de La Moneda - Rodrigo Garrido - 20.dez.2021/Reuters

"O Chile deve ter contas claras e macroeconomia organizada, porque, se não for assim, as reformas acabam retrocedendo. Gastos permanentes devem ter ingresso permanente, vamos avançar em reformas estruturais, mas passo a passo, para que não escorreguemos", afirmou ele na porta do palácio de La Moneda, após se reunir com o atual presidente, Sebastián Piñera.

Questionado sobre quem será seu ministro da Economia e se um anúncio logo após a eleição não ajudaria a acalmar os mercados, Boric voltou a dizer que não atuaria sob pressão. "No mandato anterior, o presidente Piñera só anunciou seus ministros em 22 de janeiro. Não devo demorar todo esse tempo, mas tampouco farei isso às pressas e sob pressão." A posse ocorre em 11 de março de 2022.

O esquerdista foi eleito no domingo (19) ao derrotar o ultradireitista José Antonio Kast. Após conquistar o apoio de 4,6 milhões de eleitores, o nome da Frente Ampla se tornou o candidato mais votado da história chilena. Boric chegou à sede de governo nesta segunda pouco antes do horário marcado para o encontro, às 14h. Ao descer do carro, cumprimentou um grupo de apoiadores e tirou algumas selfies.

Antes da reunião privada, ambos posaram para fotos, e Piñera levou o recém-eleito para ver quadros históricos do palácio e a escrivaninha do Salão de Audiências Presidenciais. "Bem-vindo ao La Moneda. Espero que tenha uma boa gestão, porque o Chile precisa disso, e sei que você o fará do melhor modo possível", disse Piñera. Boric respondeu que "é uma responsabilidade enorme" e "espera estar à altura".

Os dois apertaram as mãos. Até aí, ambos usavam máscaras o tempo todo. Até que Piñera o orientou a dar dois passos para tirar uma outra foto, desta vez sem a máscara. "A pandemia foi um dos temas que mais nos ocuparam, e conversamos sobre a necessidade de seguir com atenção o que está ocorrendo em outras partes do mundo, em que há um aumento de contaminações."

Questionado se manteria os funcionários técnicos que trabalharam no combate à Covid, Boric afirmou que "não se deve mudar o que está sendo feito de modo positivo". O Chile é o país mais bem colocado no ranking de vacinação da região, com 85,8% da população imunizada com as duas doses, e 51,6% com a terceira dose. "Temos de nos preparar para avançar com a campanha de vacinação no ano que vem, com as quartas doses e a imunização de crianças", afirmou o presidente eleito.

Boric estava acompanhado de Izkia Siches, sua chefe de campanha e ex-presidente do Colégio Médico do Chile, e pelo deputado Giorgio Jackson. Ambos são cotados para assumir ministérios no novo governo.

Questionado sobre a participação das mulheres em seu gabinete, o esquerdista afirmou que "elas serão protagonistas", mas que não serão observadas cotas. "Vamos incorporar as melhores, as mais capacitadas e haverá independentes. Estamos falando com partidos e com diferentes setores. Também quero contar com gente de regiões que entendam a diversidade e a heterogeneidade de nosso país."

Sobre a reforma da Previdência, uma das bandeiras de sua campanha, afirmou que irá trabalhar "para que trabalhadores e trabalhadoras nunca mais tenham de recorrer às suas poupanças pessoais durante crises tão profundas como foi a pandemia". "É necessária uma reforma estrutural em matéria de pensões e aposentadorias. Nossa prioridade não é esvaziá-las, mas fortalecê-las", afirmou, referindo-se aos saques dos fundos de pensões privados autorizados pelo Congresso chileno no último ano.

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