Erupção do vulcão Cumbre Vieja, nas ilhas Canárias, cessa após 3 meses

Lava destruiu 3.000 propriedades e deslocou milhares em La Palma; especialistas alertam que terremotos serão periódicos

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Madri | Reuters e AFP

Após pouco mais de 85 dias desde que o vulcão Cumbre Vieja, nas ilhas Canárias, começou a expelir lava e mudou a vida de La Palma, cientistas declararam a erupção oficialmente encerrada neste sábado (25).

A erupção do vulcão, que entrou em atividade em 19 de setembro, silenciou em 13 de dezembro, mas as autoridades locais, temerosas de criar falsas expectativas, esperaram até o Natal para fazer o anúncio. A informação foi confirmada pelo diretor do Plano de Emergência Vulcânica das Canárias, Julio Perez.

Funcionária comanda drone para tirar foto aérea de uma montanha criada após a erupção do Cumbre Vieja, em La Palma
Funcionária comanda drone para tirar foto aérea de uma montanha criada após a erupção do Cumbre Vieja, em La Palma - Borja Suarez - 17.dez.21/Reuters

Durante os meses de erupção, a lava caiu montanha abaixo, engolindo casas, igrejas e muitas plantações de banana, que representam quase metade da economia da ilha. Embora milhares de propriedades tenham sido destruídas, não foram registradas mortes.

A diretora do Instituto Geográfico Nacional das Canárias, Maria José Blanco, disse que todos os indicadores sugerem que a erupção acabou, mas não descarta uma reativação futura. Segundo o jornal espanhol El Pais, especialistas locais alertam que a atividade no subsolo da ilha continuará por muito tempo, de modo que a população local terá de se acostumar com terremotos periódicos.

Ao todo, cerca de 3.000 casas foram destruídas pela lava que, no momento, cobre 1.219 hectares —algo em torno de 1.500 campos de futebol—, de acordo com levantamento dos serviços de emergência.

Das 7.000 pessoas retiradas do local, a maioria já pôde voltar para casa, ainda que muitas residências estejam inabitáveis devido aos danos causados pelas cinzas. Com muitas estradas bloqueadas, algumas plantações estão acessíveis apenas por mar.

Os alemães Jacqueline Rehm e Juergen Doelz estavam entre os forçados a deixar o local. Eles fugiram de uma casa alugada na vila de Todoque e se mudaram para um pequeno veleiro por sete semanas. "Não pudemos salvar nada, nenhum dos móveis, nenhuma das pinturas", disse Rehm, 49, à agência Reuters, acrescentando que eles se mudariam para a ilha de Tenerife após o Natal. "Agora está tudo sob a lava."

"Nem a palavra alegria nem a palavra satisfação podem ser utilizadas hoje. A palavra que podemos usar é alívio. E emoção", disse Perez, do Plano de Emergência Vulcânica, enquanto discursava sobre a necessidade de reconstrução de La Palma.

Os moradores locais já não precisam carregar guarda-chuvas e óculos para se proteger das cinzas, mas uma operação de limpeza de grandes proporções está começando. Os danos podem ultrapassar 900 milhões de euros, segundo a administração das Canárias.

O governo do premiê espanhol, Pedro Sánchez, prometeu mais de 400 milhões de euros (R$ 2,5 bi) para a reconstrução, embora alguns residentes e empresas reclamem que os fundos demoram a chegar. Madri também solicitou o lançamento de um fundo de solidariedade da União Europeia para ajudar La Palma.

Os três meses de erupção fizeram ainda com que a ilha, de 70.830 hectares, ganhasse ao menos mais 35 deles, gerando uma disputa jurídica em torno de quem é o dono das novas terras.

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