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EUA abrem primeiras salas para uso de drogas sob supervisão

Iniciativa da Prefeitura de Nova York tenta conter epidemia de overdose de opioides

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Nova York | Reuters

Nova York inaugurou nesta terça-feira (30) as primeiras salas dos Estados Unidos para que dependentes químicos usem drogas de forma supervisionada, medida que integra os esforços para tentar conter a epidemia de mortes por overdose no país.

Os Centros de Prevenção de Overdose serão administrados por dois serviços provedores de seringas, organizações que oferecem acesso e descarte desses itens para o uso controlado de drogas.

Defensores de políticas de drogas voltadas à promoção da saúde argumentam que é melhor oferecer locais limpos e seguros a dependentes como uma medida de redução de danos. Estudo do departamento de saúde da prefeitura estima que os centros poderiam evitar 130 mortes anuais por overdose na cidade.

Usuários de drogas entram em centro de uso supervisionado da Prefeitura de NY, espaços criados para evitar overdoses - David 'Dee' Delgado/Reuters

Para o prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, esses locais "são uma forma segura e eficaz de lidar com a crise dos opioides". "Tenho orgulho de mostrar às cidades deste país que, após décadas de fracasso, uma abordagem mais inteligente é possível", afirmou.

Diretora da Drug Policy Alliance (DPA), Melissa Moore chamou a iniciativa de "marco na luta para acabar com as mortes por overdose em Nova York". "Se quisermos salvar vidas, reduzir a criminalização e conter as desigualdades raciais, precisamos de abordagens abrangentes, inovadoras e com visão de futuro."

Críticos desse tipo de serviço afirmam, por outro lado, que a abertura desses espaços representa uma ameaça às comunidades onde estão localizados, porque facilitaria o uso de drogas.

De Blasio, que deixará o cargo de prefeito em janeiro após dois mandatos, há tempos apoia a abertura desses centros, que já existem em ao menos dez países, segundo a DPA: Alemanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Luxemburgo, Noruega e Suíça. Durante a campanha para ao governo local, o prefeito eleito Eric Adams também manifestou apoio a esse tipo de estabelecimento.

Além de permitir que os usuários injetem drogas sob supervisão, os centros devem fornecer aos usuários seringas e outros suprimentos, bem como medicamentos para reverter overdoses e opções de tratamento.

No ano passado, as mortes por overdose na cidade de Nova York saltaram para mais de 2.000, o maior número desde o início do rastreamento, em 2000. Quase 600 pessoas morreram no primeiro trimestre de 2021, de acordo com dados preliminares da cidade, a maior parte em um único trimestre.

Sala em Nova York para uso controlado de drogas, medida adotada pela prefeitura para evitar overdoses - The New York Times

A prefeitura diz que a taxa de mortes por overdose na cidade subiu de 21,9 casos por 100 mil habitantes em 2019 para 30,5 por 100 mil em 2020. A maior parte dessas mortes (85%) envolveu opioides. Esse é um problema que atinge mais pessoas negras (grupo no qual a taxa é de 38,2 mortes por 100 mil habitantes).

Em todo o país, a epidemia de opioides —que piorou desde o início da pandemia de coronavírus, no começo de 2020— devastou milhares de vidas. De acordo com dados divulgados no começo do mês, mais de 100 mil americanos morreram de overdose entre abril de 2020 e abril de 2021, recorde histórico no país e maior do que a soma de mortes por arma de fogo e em acidentes de trânsito.

O aumento foi potencializado por opioides sintéticos, sobretudo fentanil fabricado ilegalmente —a droga, cem vezes mais poderosa que a morfina, é muitas vezes usada com substâncias que intensificam seus efeitos. Segundo a prefeitura, havia fentanil envolvido em 77% das overdoses registradas na cidade em 2020, em geral misturado com heroína, cocaína, álcool, analgésicos à base de opioides e anfetaminas.

Outras cidades dos Estados Unidos, como San Francisco, têm planos de abrir locais de injeção seguros, mas Nova York foi a primeira delas. Barreiras legais em nível federal e estadual têm dificultado os esforços para estabelecer serviços de consumo supervisionado.

No início deste ano, uma coalizão de prefeitos enviou uma carta ao secretário de Justiça do país, Merrick Garland, buscando esclarecer a posição do seu departamento sobre uma seção da Lei de Substâncias Controladas que diz que é ilegal manter qualquer local para o uso de substâncias controladas.

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