Gangue no Haiti liberta mais 3 dos 17 missionários sequestrados há 50 dias

Grupo de religiosos foi feito refém em outubro, sob pedidos de resgates milionários, em meio a onda de violência no país

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Reuters

Mais três dos 17 missionários americanos e canadenses feitos reféns por uma gangue no Haiti em outubro foram libertados neste domingo (5), segundo o grupo Christian Aid Ministries, de Ohio, nos EUA.

Sequestrados havia mais de 50 dias, os libertos agora estão em segurança e em aparente boa saúde, de acordo com o comunicado do grupo, embora outras 12 vítimas sigam em cativeiro.

Os reféns foram sequestrados em 16 de outubro pela gangue 400 Mawozo, que pediu resgate de US$ 1 milhão (R$ 5,68 milhões) por pessoa. O grupo foi capturado na região de Croix-des-Bouquets, a cerca de 13 quilômetros da capital Porto Príncipe, e era composto por 16 americanos e um canadense.

Manifestantes em Porto Príncipe protestam contra onda de violência crescente no Haiti - Richard Pierrin - 18.nov.21/AFP

"Somos gratos a Deus por mais três reféns terem sido liberados ontem à noite. Eles estão seguros e parecem estar bem-dispostos", disse o Christian Aid Ministries, em comunicado.

Cinco crianças e seis mulheres estavam entre as pessoas raptadas. Ainda não está claro quais deles permanecem sob poder dos criminosos. Há duas semanas, os dois primeiros reféns foram libertos.

O FBI, a polícia federal dos EUA, enviou ao país caribenho um grupo de oficiais para auxiliar na investigação do sequestro. Em agosto, o governo americano havia recomendado que seus cidadãos não viajassem ao Haiti devido à instabilidade local e ao risco de sequestros.

Com crises políticas e econômicas cada vez mais acentuadas, esse tipo de crime se tornou uma ferramenta comum para grupos criminosos conseguirem dinheiro —foram ao menos 628 episódios do tipo de janeiro a setembro de 2021, segundo o Centro Haitiano para Análise e Pesquisa em Direitos Humanos.

O Haiti –primeiro país da América Latina a se declarar independente, em 1804, e acostumado a crises políticas e econômicas desde então– vive um de seus piores momentos.

Em julho, o presidente Jovenel Moïse, sob o qual recaíam acusações de autoritarismo, foi assassinado por mercenários —48 pessoas, incluindo 18 colombianos e 2 americanos de origem haitiana, foram presas. O episódio provocou protestos, com desabastecimento de suprimentos e casos de violência nas ruas.

O procurador-geral do país, Bed-Ford Claude, incluiu o primeiro-ministro, Ariel Henry, na lista de suspeitos. Segundo Claude, registros telefônicos indicavam que o premiê se comunicou ao menos duas vezes com Joseph Badio, um dos principais suspeitos de envolvimento no assassinato, na noite do crime.

Como resposta, Henry destituiu o procurador do cargo e acusou as autoridades de promoverem "manobras de distração para criar confusão e impedir que a Justiça faça seu trabalho com calma". As eleições gerais, inicialmente programadas para setembro, foram postergadas para o final de 2022.​

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