Descrição de chapéu Brexit

Ministro do brexit renuncia no Reino Unido, em mais um revés para Boris Johnson

David Frost se disse insatisfeito com rumos do país após separação da UE; medidas contra Covid também pesaram

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Londres | Reuters

O governo do premiê britânico, Boris Johnson, sofreu mais uma baixa. David Frost, ministro do brexit, renunciou ao cargo há uma semana, segundo informações divulgadas pelo tabloide The Mail on Sunday e confirmadas por Downing Street na noite deste sábado (18). Ele teria saído do governo por estar em desacordo com a forma como Boris vem manejando o controle da pandemia no país europeu.

Segundo uma fonte que falou sob condição de anonimato, Frost já estaria insatisfeito com o desenrolar do brexit, uma vez que o país pena para costurar acordos comerciais após a separação da União Europeia (UE) e com as políticas ambientais adotadas por Boris. A gota d'água, no entanto, foi o chamado Plano B, pacote de medidas introduzido pelo primeiro-ministro para frear o avanço da Covid.

O ministro britânico do brexit, David Frost, durante uma reunião com a Comissão Europeia em Bruxelas - Yves Herma - 19.nov.21/Reuters

Ex-diplomata, Frost comandou o acordo do brexit, mas logo se viu envolvido em conflitos, como a turbulenta tentativa de negociação com a Irlanda do Norte. O ministro vinha expressando descontentamento público com o curso atual da política britânica após a separação da UE.

"Não conseguimos separar as fronteiras com sucesso para que agora importemos o mesmo modelo europeu", disse, em novembro. "Não podemos continuar como éramos antes do brexit e importar o modelo social europeu porque não teremos sucesso", acrescentou.

Em uma carta de Frost publicada na íntegra pela emissora pública BBC, o ministro diz lamentar o vazamento de sua renúncia. Afirma que deixaria o cargo em janeiro, como acordado anteriormente com o governo, mas que, devido à publicidade da informação, sairá imediatamente. Após agradecer Boris pela parceria, diz que o brexit foi um sucesso —mas reitera as críticas.

"O brexit agora está seguro", diz. "O desafio para o governo agora é aproveitar as oportunidades que ele nos oferece, e você conhece minhas preocupações sobre a direção atual. Espero que avancemos o mais rápido possível para onde precisamos chegar: uma economia empreendedora, com baixa regulamentação e baixa tributação, na vanguarda da ciência moderna e da mudança econômica."

Respondendo a Frost, Boris disse, em uma carta também divulgada à imprensa, que ele deveria estar "imensamente orgulhoso" de seu serviço histórico prestado ao governo britânico e ao país.

A saída do ministro acrescenta mais uma camada à crise no governo de Boris ao longo das últimas semanas. O Reino Unido, que já registrou 25 mil casos de Covid pela variante ômicron e tem 65 pacientes internados com a cepa, tem sido palco de turbulências no Partido Conservador, ao qual pertence o premiê.

No início da semana, o Parlamento aprovou o novo pacote de medidas de Boris, que estabelece a exigência do comprovante de vacinação para determinados espaços. Não fosse a oposição trabalhista, no entanto, a pauta teria sido vetada, já que dezenas de correligionários do premiê o contrariaram na votação.

O governo do conservador também viu uma assessora e o secretário de gabinete, Simon Case, renunciarem após seus nomes estarem envolvidos em festas organizadas em Downing Street, sede do governo, no Natal do último ano, quando severas restrições estavam em vigor para conter a pandemia.

Mais recentemente, os conservadores sofreram uma derrota nas eleições e perderam a cadeira de North Shropshire, historicamente ocupada pelo partido. A legenda dominava a região há quase 200 anos e nunca havia sido derrotada desde que North Shropshire foi criada em sua forma atual, em 1983.

Algumas figuras já começaram a se manifestar sobre o mais recente revés de Boris —a saída de Frost. Jenny Chapman, legisladora trabalhista, disse que o governo está um caos. "O país precisa de liderança, não de um primeiro-ministro que perdeu a confiança de seus parlamentares e de seu gabinete", afirmou.

Já Nigel Farage, líder do ultradireitista Partido do Brexit, disse que Frost está deixando o governo porque "é um conservador e verdadeiro defensor do brexit. "Já Boris não é nenhum dos dois", acrescentou.

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