Missionários sequestrados escaparam de guardas em cativeiro no Haiti, diz organização religiosa

Grupo de 12 pessoas, com um bebê e uma criança, tinha sido sequestrado havia mais de dois meses

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | AFP e Reuters

Um grupo de 12 missionários americanos e canadenses sequestrados em Porto Príncipe, capital do Haiti, escapou por conta própria do cativeiro em que foi mantido por mais de dois meses. A informação foi confirmada pela Christian Aid Ministries (CAM), uma organização religiosa, nesta segunda-feira (20).

O grupo incluía um bebê de dez meses, uma criança de três anos de idade e dois adolescentes de 14 e 15 anos que fugiram junto com oito adultos. Os reféns conseguiram escapar de seus guardas em 15 de dezembro, depois de planejar diversas tentativas frustradas de fuga.

Grupo de missionários sequestrados no Haiti, agora livres - Christian Aid Ministers / Divulgação

Weston Showalter, porta-voz do CAM, organização baseada no estado de Ohio, nos Estados Unidos, disse em entrevista coletiva que os reféns escaparam durante a noite, caminhando por aproximadamente 16 km "por meio de florestas e matagais, em meio a espinhos e urtigas".

O grupo escondeu água nas roupas, precisou envolver o bebê em cobertores e atravessou terrenos difíceis em silêncio, apesar dos arranhões provocados por arbustos e espinhos, contou Showalter.

Somente pela manhã encontraram uma pessoa com um telefone que os ajudou a contatar as autoridades. Segundo o CAM, o grupo foi transportado de volta para os EUA em um voo da Guarda Costeira.

Cinco dos reféns já tinham sido libertados entre novembro e o início de dezembro. A organização disse ter reunido recursos para o resgate para prosseguir com as negociações, mas não deu mais detalhes.

O sequestro ocorreu em outubro, quando o grupo retornava de um orfanato no leste da capital. Ao todo, foram levados 17 missionários dos EUA e do Canadá, incluindo seus familiares. A captura foi atribuída à gangue 400 Mawozo, que pediu resgate de US$ 1 milhão, aproximadamente R$ 5,74 milhões, por pessoa.

Dias após a notícia do sequestro, o FBI, a polícia federal dos EUA, anunciou o envio de oficiais para auxiliar nas investigações. Em agosto, o governo americano havia recomendado a seus cidadãos que não viajassem ao Haiti, devido ao risco de sequestros e à instabilidade do país.

Este tipo de crime se tornou uma ferramenta comum para grupos criminosos da região. De acordo com o Centro de Análise e Investigação em Direitos Humanos, em Porto Príncipe, foram registrados cerca de 630 sequestros nos primeiros três trimestres de 2021, em comparação a 231 no mesmo período de 2020.

O país enfrenta uma série de crises políticas, econômicas e sociais. Em julho, o assassinato do então presidente Jovenel Moïse provocou protestos, com desabastecimento de suprimentos e casos de violência nas ruas. O crime, atribuído a mercenários, resultou na prisão de 48 pessoas, incluindo 18 colombianos e dois americanos de origem haitiana.

Além disso, a situação social do país foi agravada devido a um terremoto de magnitude 7,2, em 14 de agosto. O tremor deixou mais de 2.200 pessoas mortas e cerca de 130 mil casas danificadas.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.