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Dirigente defende fim de autoproclamado governo de Guaidó na Venezuela

Julio Borges renuncia ao cargo de representante diplomático e vai propor ao Legislativo encerramento da gestão interina

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Caracas | AFP

Ao renunciar a seu cargo como representante diplomático de Juan Guaidó, reconhecido como presidente da Venezuela por dezenas de países, Julio Borges defendeu que o governo interino deve desaparecer porque perdeu a legitimidade. A fala se dá duas semanas após a derrota em eleições regionais.

"A noção de governo interino tem que desaparecer completamente, não podemos seguir com uma folha de pagamento, uma burocracia que no ano passado chegou a quase 1.600 pessoas", argumentou Borges, também ex-presidente do Parlamento, a jornalistas durante videoconferência na Colômbia, onde está exilado. "Pedimos para eliminar isso completamente."

Ele disse também que o governo opositor se deformou.

Julio Borges, ex-presidente do Parlamento da Venezuela que renunciou ao cargo de representante diplomático do governo de Juan Guaidó
Julio Borges, ex-presidente do Parlamento da Venezuela que renunciou ao cargo de representante diplomático do governo de Juan Guaidó - Juan Barreto - 18.set.19/AFP

O agora ex-integrante da gestão de Guaidó vai apresentar sua proposta para encerrar o governo interino a uma comissão formada por membros do Legislativo venezuelano eleito em 2015, cuja vigência se encerrou em janeiro de 2021 —quando assumiu uma nova Assembleia Nacional, de maioria governista, escolhida em dezembro do ano passado.

Borges alertou ainda que a luta para sair da ditadura de Nicolás Maduro, cuja reeleição de 2018 não é reconhecida pela oposição que a considera fraudulenta, carece de legitimidade. "[Perdemos] o apoio internacional porque tem havido contradições demais, erros demais, escândalos demais e isso fez com que o mundo tenha colocado o caso venezuelano na geladeira, na espera."

Por isso, acrescentou, é preciso reconstruir e ganhar força para voltar a ter reconhecimento dentro e fora do país.

A proposta a ser apresentada busca uma mudança de rota na oposição, cuja fragmentação ficou evidente nas eleições regionais, que teve a participação de candidatos opositores após um boicote que durava desde 2015.

No pleito de 21 de novembro, o chavismo conquistou 20 dos 23 governos do país, bem como a prefeitura da capital, Caracas. Foi a primeira votação com a participação de observadores internacionais independentes em 15 anos, que teve também o retorno da oposição, ausente desde 2018. Somente 41,8% dos eleitores participaram, no entanto.

O ex-representante diplomático também questionou os casos de corrupção ligados ao governo interino. "O assunto dos ativos [fora da Venezuela] é realmente um escândalo", afirmou. "Não há vontade política dos partidos para fazer o que precisa ser feito: criar um fideicomisso [mecanismo de cessão temporária de bens para a administração de terceiros] para que esses ativos sejam separados da gestão dos partidos políticos, principalmente do partido de Juan Guaidó, e aí se pode ter independência e transparência."

Até o momento, Guaidó não se pronunciou.

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