Descrição de chapéu Natal

Papa Francisco dedica discurso de Natal ao diálogo e pede a Deus que evite conflito na Ucrânia

Pontífice também falou sobre solidariedade com migrantes e responsabilidade dos líderes mundiais com ambiente

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Vaticano | Reuters

O papa Francisco, em sua tradicional mensagem de Natal proferida neste sábado (25), lamentou o que descreveu como aumento da polarização nas relações pessoais e também na geopolítica e afirmou que somente o diálogo pode resolver conflitos que vão desde discussões familiares até ameaças de guerra.

O pontífice pediu que cidadãos e líderes mundiais conversem entre si, em vez de se recusarem a dialogar, como tem acontecido —movimento que, segundo ele, foi agravado pela pandemia. "Nossa capacidade de dialogar está passando por duras provações", afirmou na varanda da basílica de São Pedro, no Vaticano.

Papa Francisco durante o tradicional discurso de Natal, no Vaticano - Yara Nardi - 25.dez.2021/Reuters

"No nível internacional, também há riscos ao preterir o diálogo", continuou. "O risco de que esta crise complexa nos levará a tomar atalhos em vez de escolher os caminhos mais longos de conversa, sendo que apenas estes podem levar à resolução de conflitos e a benefícios duradouros para todos."

O papa, que completou 85 anos em 17 de dezembro, enumerou conflitos e crises sociais em países como Síria, Iêmen, Israel, Palestina, Afeganistão, Mianmar, Ucrânia e Sudão, territórios que enfrentam conflitos civis, estão em disputa uns com os outros ou estão sob constante ameaça de guerra.

"Estamos tão acostumados com esses conflitos que imensas tragédias passam agora em silêncio", disse Francisco da mesma varanda onde apareceu pela primeira vez como papa após ser eleito em 2013. "Corremos o risco de não ouvir o grito de dor e de angústia de tantos de nossos irmãos e irmãs", concluiu.

Um dos conflitos ganhou menção especial do pontífice: a Ucrânia. Francisco pediu a Deus para prevenir novos desdobramentos da crise de longa duração no país do Leste Europeu que acusa a Rússia de reunir dezenas de milhares de soldados na fronteira para preparar uma invasão.

Moscou, por sua vez, nega ter planejado qualquer ataque e acusa a Ucrânia e os Estados Unidos —que já disseram que responderiam a uma ofensiva russa— de comportamento desestabilizador.

O número de pessoas que ouviam o discurso era pequeno devido às restrições impostas para conter a pandemia e pelo clima chuvoso. Com a alta de casos de Covid nos últimos dias, a Itália tornou novamente obrigatório o uso de máscaras ao ar livre e baniu shows e eventos públicos até 31 de janeiro.

Público reduzido e com guarda-chuvas acompanha discurso de Natal do Papa Francisco, no Vaticano - Filippo Monteforte - 25.dez.21/AFP

O papa pediu a Deus que dê serenidade e união às famílias, elogiando os que se esforçam para manter os núcleos familiares e comunitários unidos. Usou a palavra "diálogo" 11 vezes ao longo do discurso, que contemplou a leitura de pouco mais de duas páginas a fiéis que assistiam agrupados com guarda-chuvas.

A situação dos migrantes, refugiados, deslocados, presos políticos e mulheres vítimas de violência de gênero também esteve presente na fala de Natal de Francisco, que pediu para que as pessoas não sejam indiferentes e se solidarizem com esses grupos. Após ter trazido o debate sobre a emergência climática para dentro da Igreja Católica mais enfaticamente ao longo deste ano, o papa também pediu, como fizera em outras ocasiões, que os líderes protejam o ambiente e preservem-no para as gerações futuras.

Pouco antes do discurso, em uma rede social oficial, o pontífice escreveu: "Jesus nasce perto dos esquecidos das periferias. Ele vem para enobrecer os excluídos e primeiro se revela a eles, não a pessoas instruídas e importantes, mas aos pastores e aos trabalhadores pobres". Durante a missa de véspera de Natal, na sexta (24), disse que as pessoas indiferentes aos pobres ofendem a Deus e pediu a todos que olhem "além de todas as luzes e decorações" típicas da festa para se lembrarem dos mais necessitados.

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