Descrição de chapéu Governo Biden

Procuradora-geral de NY que lidera investigações contra Trump desiste de disputar governo do estado

Letitia James disse que tem casos importantes para concluir; ex-presidente será convocado para depor, segundo mídia local

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Seis semanas após anunciar que concorreria às primárias democratas para o governo de Nova York, a procuradora-geral do estado, Letitia James, comunicou nesta quinta (9) a suspensão de sua campanha. Primeira mulher negra a ocupar o cargo, ela também se tornaria a primeira governadora negra dos EUA caso fosse eleita.

Por meio de porta-vozes e nas redes sociais, James disse ter chegado à conclusão de que precisa continuar o trabalho que tem desenvolvido como procuradora-geral, cargo que assumiu em 2018 e para o qual pretende disputar a reeleição. "Há várias investigações e casos importantes em andamento, e pretendo encerrar esse trabalho."

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, discursa após receber apoio de líderes do condado de Westchester para sua candidatura ao governo do estado - Joy Malone - 2.dez.21/Reuters

A democrata ganhou espaço no debate público nos últimos meses em grande parte devido à atuação que teve nas investigações conta o ex-governador de Nova York, Andrew Cuomo. Foi o escritório de James o responsável pelo relatório que comprovou que Cuomo assediava sexualmente colegas de trabalho, assunto que quase iniciou um processo de impeachment e que levou o político a renunciar.

O principal caso nas mãos da procuradora-geral, no entanto, é outro: a investigação civil que comanda sobre a Organização Trump, ligada à família do ex-presidente Donald Trump. A empresa teria inflado os valores de propriedades para obter empréstimos mais vantajosos e baixado seus valores para conseguir isenções fiscais.

No mesmo dia em que James anunciou o encerramento de sua campanha para governadora, com o objetivo alegado de encerrar investigações importantes, a imprensa americana noticiou que o escritório da procuradora pretende intimar Trump a depor em 7 de janeiro sobre suas práticas de negócios.

A possibilidade da intimação vem em um momento crítico para o republicano, quando outra acusação da qual é alvo, desta vez na esfera criminal, foi acelerada pelo promotor público de Manhattan, Cyrus Vance. Neste caso, do qual também participa o escritório de James, a Organização Trump é investigada por um padrão de fraude ao submeter valores falsos de propriedades para possíveis credores.

Em comunicado, um porta-voz da empresa do republicano disse que tudo se trata de "outra caça às bruxas". "Nova York está sendo invadida pela violência, crianças estão sendo baleadas, vândalos estão incendiando as decorações de Natal e a falta de moradias é recorde, mas o único foco da Procuradoria-Geral é investigar Trump", diz o texto. "Tudo por causa de suas ambições políticas enquanto tenta se candidatar a governadora."

Caso o ex-presidente se recuse a comparecer ao depoimento, James e seu escritório poderiam apelar a um tribunal e tentar forçá-lo a participar, processo semelhante ao que aconteceu com um dos filhos de Trump, Eric, no ano passado.

Ele, que também trabalha na Organização Trump, se negou a comparecer a um depoimento convocado pelo escritório da procuradora-geral alegando estar muito ocupado com as eleições presidenciais de novembro daquele ano —que alçaram Joe Biden, sucessor de Trump, à Casa Branca. Um juiz estadual, no entanto, ordenou que Eric comparecesse.

À época do anúncio da candidatura de James para o governo de Nova York, fontes do Partido Democrata, ao qual pertence a procuradora, disseram ao jornal The New York Times que alguns membros da legenda preferiam que ela permanecesse como procuradora-geral para dar seguimento a casos de interesse do partido, em especial os que envolvivam Trump e os negócios de sua família.

A pré-campanha da procuradora, inclusive, foi permeada pelo uso das investigações contra Trump como uma bandeira. Em um vídeo que publicou nas redes sociais ao anunciar a candidatura, James diz, entre outras coisas, que processou a administração Trump 76 vezes. "Mas quem está contando?", pergunta.

Com Reuters e The New York Times

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