Descrição de chapéu Partido Republicano

Trump processa procuradora de Nova York para tentar bloquear investigações contra ele

Ex-presidente alega que democrata Letitia James age com motivações políticas e promove caça às bruxas

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Nova York | Reuters

O ex-presidente dos EUA Donald Trump entrou na Justiça nesta segunda (20) contra a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que lidera investigações envolvendo o republicano e a Organização Trump.

A ação vem duas semanas após a mídia americana revelar que o escritório de James intimou Trump a testemunhar como parte de uma apuração civil sobre fraude na empresa. O prazo para o depoimento é 7 de janeiro, segundo informação divulgada por um dos advogados do republicano, Ronald Fischetti, à CNN.

O ex-presidente Donald Trump fala com repórteres após jantar na Casa Branca
O ex-presidente Donald Trump fala com repórteres após jantar na Casa Branca - Andrew Caballero-Reynolds - 26.nov.20/AFP

Trump e a empresa, que também é demandante no caso, alegam que James violou seus direitos sob a Constituição americana ao realizar uma investigação com objetivos políticos. O republicano deu fôlego ao argumento após James anunciar, em outubro, que concorreria às primárias democratas para o governo de Nova York. Semanas depois, no entanto, a procuradora-geral desistiu da candidatura.

"Ao entrar com este processo, pretendemos não apenas responsabilizá-la por suas flagrantes violações constitucionais, mas parar sua dura cruzada para punir um oponente político em seu caminho", disse Alina Habba, que integra a defesa de Trump, após registrar o processo em um tribunal nova-​iorquino.

James, em comunicado, respondeu que a investigação continuará implacável. "Ninguém está acima da lei, nem mesmo alguém com o nome de Trump", acrescentou. "A Organização Trump tem procurado continuamente atrasar nossa investigação sobre as negociações da empresa; para deixar claro, nem Trump nem a empresa podem ditar se e onde eles responderão por suas ações."

Trump alega que James age motivada por preconceito partidário e menciona, no processo, declarações proferidas por ela. Quando anunciou a candidatura ao governo do estado, a procuradora usou o nome de Trump como uma das bandeiras de campanha. A investigação que lidera foi um dos principais fatores que a projetaram no espaço público, assim como as apurações de abuso sexual envolvendo o ex-governador de Nova York, Andrew Cuomo, que levaram o democrata a renunciar, em agosto.

"Estou concorrendo ao cargo de governadora de Nova York porque tenho experiência, visão e coragem para enfrentar os poderosos em nome de todos os nova-iorquinos", escreveu James em uma rede social à época. Junto, publicou um vídeo no qual, entre outras coisas, diz que processou a administração do ex-presidente Donald Trump 76 vezes. "Mas quem está contando?", perguntava.

O processo ainda menciona outras citações públicas de James a Trump, como um post de 2017 no Twitter em que ela declarava estar "liderando a resistência contra Donald Trump em Nova York". À época, James era defensora pública do estado e concorria ao cargo de procuradora-geral. A defesa do republicano alega que ela consolidou sua estratégia de campanha em cima de uma agenda anti-Trump.

James fez outras menções ao ex-presidente nas redes sociais na ocasião, como quando escreveu que os nova-iorquinos precisavam de alguém que enfrentasse Trump e defendesse seus direitos. "Eu serei essa pessoa, junte-se à minha campanha", completava a mensagem.

A investigação comandada por James apura se a Organização Trump inflou os valores de propriedades para obter empréstimos mais vantajosos e baixou seus preços para conseguir isenções fiscais. A empresa, por sua vez, reiteradamente classifica a investigação de uma caça às bruxas.

A apuração está relacionada, ainda que caminhe separadamente, a uma investigação criminal de mais de três anos capitaneada pelo promotor público de Manhattan, Cyrus Vance. Neste caso, a Organização Trump é investigada por um padrão de fraude ao submeter valores falsos de propriedades para possíveis credores. A companhia e um de seus principais executivos financeiros, Allen Weisselberg, foram indiciados por crimes fiscais em junho e se declararam inocentes.

No processo apresentado nesta segunda, Trump também tenta barrar a participação da procuradora-geral nesta investigação, alegando que tratar as apurações civis e criminais de forma paralela é inadequado. O promotor Vance deixa o cargo no final do ano e ainda não sinalizou a quem será entregue a investigação.

Com The New York Times

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