Bolsonaro prepara viagem para Suriname e Guiana com foco em cooperação e energia

Presidente brasileiro passa pelas capitais Georgetown e Paramaribo na próxima semana

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve viajar na próxima semana para Guiana e Suriname, em uma agenda voltada para cooperação na área de energia, com um diálogo exploratório sobre possíveis projetos de conexão da rede de eletricidade guianesa com o estado de Roraima.

De acordo com interlocutores, a ida do mandatário aos dois países estava prevista desde antes da pandemia de coronavírus, mas precisou ser adiada em diferentes ocasiões devido à crise sanitária. A viagem deve durar dois dias, com início em 20 de janeiro.

O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva no hospital Vila Nova Star, em São Paulo
O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva no hospital Vila Nova Star, em São Paulo - Amanda Perobelli - 5.jan.22/Reuters

Ambos os países têm um comércio tímido com o Brasil, embora compartilhem alguns quilômetros de fronteira com a região Norte. O país registrou exportações de US$ 38,5 milhões em 2021 para o Suriname, com US$ 1,2 milhão em importações. Com a Guiana, o fluxo de comércio foi de US$ 111,7 milhões exportados e US$ 6,8 milhões importados.

O plano é que Bolsonaro passe pelas capitais Paramaribo, no Suriname, no dia 20, e Georgetown, na Guiana, no dia seguinte. Os dois países sul-americanos registraram recentes descobertas nas áreas de petróleo e gás, por isso o foco em cooperação em energia.

A ideia, afirmam diplomatas, é aproveitar a demanda guianesa e surinamense por projetos no setor —mas também em outras áreas— para uma aproximação política com o Brasil.

Visitas presidenciais a Guiana e Suriname são pouco frequentes. Segundo o Itamaraty, Dilma Rousseff (PT) foi a última presidente a visitar Paramaribo, em 2013, por ocasião de uma cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas). Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o último mandatário brasileiro a passar por Georgetown. Ele esteve na capital guianesa em 2007, para a cúpula do Grupo do Rio.

Também está no cardápio das conversas de Bolsonaro um diálogo inicial sobre possíveis planos de conexão da rede de energia da Guiana com Roraima. O estado no Norte do Brasil é o único que não faz parte do SIN (Sistema Interligado Nacional) e dependeu durante anos de eletricidade importada da Venezuela; com a crise no país caribenho, passou a ser abastecido cada vez mais por termelétricas.

Uma das prioridades do atual presidente é a construção do chamado linhão de Tucuruí, que ligaria a rede de Roraima ao SIN. A avaliação, no entanto, é a de que a viagem a Guiana e Suriname possa servir para a avaliação de novas opções de parceria que reforcem o abastecimento elétrico do estado.

Constam na agenda de Bolsonaro reuniões com os presidentes Irfaan Ali, da Guiana, e Chandrikapersad Santokhi, do Suriname. Diplomatas ainda tentam confirmar se haverá uma reunião trilateral. De acordo com interlocutores, diante das recentes descobertas, os governos de ambos os países manifestaram interesse em saber como funcionam órgãos reguladores do Brasil, como a Agência Nacional do Petróleo.

Também deve haver conversas sobre capacitação de forças policiais locais e uma apresentação sobre o funcionamento da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Por fim, a agenda inclui discussões sobre temas consulares, uma vez que existe uma comunidade expressiva de brasileiros nos dois países que se dedica ao garimpo.

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