Descrição de chapéu Coronavírus China Ásia

China confina 3ª cidade e vive onda de Covid às vésperas de Jogos de Inverno

Cerca de 20 milhões de chineses estão em lockdown devido a surtos locais da doença; país sente impacto da ômicron

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pequim | AFP

Após decretar lockdown em duas importantes cidades do país, a China anunciou nesta segunda (10) o confinamento dos cidadãos de uma terceira região para conter surtos de Covid. Com as restrições impostas em Anyang, na província de Henan, o número de chineses isolados chega a 20 milhões.

O mais recente decreto foi imposto após a cidade registrar 84 novos casos no último sábado (8) e relatar duas infecções comunitárias pela variante ômicron na segunda. Assim, o regime chinês ordenou que mais de 5,5 milhões de moradores permaneçam em casa, podendo sair apenas para realizar testes de Covid.

Mulher faz teste de Covid na província chinesa de Henan - Li Jianan - 10.jan.2022/Xinhua

Os estabelecimentos comerciais não essenciais foram fechados e uma campanha de testes em massa foi organizada. A alta de casos na região estaria ligada a um foco de contágio na cidade de Tianjin, no norte, que também identificou transmissão comunitária da nova cepa.

Os habitantes de Anyang se somam aos 13 milhões de moradores da histórica cidade de Xian, capital da província de Shaanxi, em confinamento há mais de três semanas após um surto de 200 casos ser registrado, e a 1 milhão de pessoas de Yuzhou, também em Henan, em lockdown desde a última semana.

A medida replicada pelo regime do país asiático faz parte de uma estratégia maior de "Covid zero", por meio da qual a China tenta erradicar a disseminação do vírus. A tática ganha força à medida que se aproxima a abertura das Olimpíadas de Inverno de Pequim, marcada para a primeira semana de fevereiro.

As três cidades por ora confinadas se localizam em um raio de 500 a 1.000 quilômetros da capital do país, o que levantou preocupação de que o surto pudesse se espalhar e interferir na programação dos Jogos. O comitê organizador do evento, porém, diz estar confiante de que as medidas impostas serão suficientes.

A administração organizou no início do ano uma espécie de bolha para isolar todos os envolvidos com a competição. Voluntários, cozinheiros e motoristas ficarão isolados durante semanas, em um esquema que vem sendo chamado de "circuito fechado", sem qualquer contato físico com o exterior.

Ainda assim, o governo municipal de Pequim pediu aos moradores que evitem viagens durante o feriado do Ano-Novo Lunar, no início de fevereiro, período que tradicionalmente apresenta alta no turismo doméstico. Cidades ao redor da capital adotaram discurso semelhante.

A estratégia do confinamento restrito diante de um volume de casos considerado alto no país —ainda que baixo para os padrões ocidentais— foi o estopim de críticas ao modelo de Covid zero. Relatos nas redes sociais de chineses confinados em casa informam que há desabastecimento de comida, ainda que autoridades se comprometam a entregar cereais e legumes.

Chamou a atenção, ainda, o caso de uma mulher que sofreu um aborto espontâneo na porta de um hospital em Xian, uma das cidades confinadas, após ter atendimento médico negado por não possuir um teste negativo para a Covid feito nas 48 horas anteriores. Numa rara retratação pública, autoridades locais chegaram a se desculpar pelo ocorrido e membros da chefia do hospital envolvido foram demitidos.

Mais de 103 mil infecções por Covid foram reportadas na China desde o início da pandemia. O número de novos casos diários exibe alta desde o início de dezembro e, nesta segunda, a média móvel foi de 161, de acordo com o Our World in Data, plataforma da Universidade Oxford —para efeito de comparação, no Brasil a média móvel foi de 36.227, segundo o consórcio de veículos de imprensa do qual a Folha faz parte.

A onda recente de lockdowns coincide com a marca de dois anos da primeira morte por Covid-19, registrada pela China em 11 de janeiro de 2020. Na ocasião, o óbito anunciado era de um homem de 61 anos, morador de Wuhan, primeiro epicentro da doença no mundo.

Hoje, o país acumula 4.636 mortes registradas oficialmente por Covid, e aproximadamente 85% da população já recebeu as duas doses do imunizante. Mais de 23% tomaram também a dose de reforço.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.