Comitê que investiga invasão do Capitólio pede colaboração de Ivanka Trump

Parlamentares enviam carta a filha de ex-presidente em tentativa de obter informações sobre ataque de um ano atrás

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Washington | Reuters

O comitê do Congresso americano que apura a invasão do Capitólio por apoiadores de Donald Trump enviou nesta quinta-feira (20) uma mensagem a Ivanka, filha do ex-presidente, pedindo uma "cooperação voluntária" dela com as investigações.

Ivanka tinha um cargo de assessoria na Casa Branca durante o mandato do pai. O comitê que investiga o ataque à democracia americana de 6 de janeiro de 2021 tem fechado o cerco em torno do ex-presidente, convocando para depor assessores próximos e buscado ouvir seus familiares.

Ivanka Trump ao lado do pai, então presidente, em evento no Japão em 2019 - Dominique Jacovides - 29.jun.19/AFP

A mensagem enviada à filha de Trump ressalta que os parlamentares esperam dela uma cooperação voluntária, para um depoimento em que as perguntas seriam limitadas a eventos relacionados ao dia da invasão —incluindo atividades que levaram ao episódio ou o influenciaram— e a seu papel na Casa Branca.

O texto destaca que Ivanka "estava no Salão Oval" em situações que podem ter ligação com aquele dia e que teria ouvido uma conversa telefônica entre o então presidente e seu vice na manhã do próprio 6 de Janeiro —Trump pressionou Mike Pence, que comandaria a sessão no Congresso para certificação da vitória de Joe Biden, a recusar dados enviados pelos estados, o que ele se negou a fazer.

"O comitê tem informações que sugerem que conselheiros da Casa Branca podem ter concluído que orientações que o [então] presidente dirigiu ao [então] vice-presidente violariam a Constituição ou seriam de alguma forma ilegais", diz o coordenador do órgão, Bennie Thompson, na carta.

O deputado também afirma querer saber se Trump teria feito algum esforço ou dado ordem para o deslocamento de tropas ou agentes de segurança que pudessem conter a violência de seus apoiadores no ato —a mensagem destaca que ainda não há evidências de que tal medida tenha sido posta em prática. Cinco pessoas morreram e 140 policiais ficaram feridos na invasão.

Os registros públicos indicam que, na ocasião, o então presidente fez um comício para questionar o resultado do voto popular e exortou seus apoiadores a lutar. Em seguida, durante o ataque, recolheu-se e permaneceu quieto por mais de duas horas. Mensagens entregues ao comitê recentemente apontam que ele ouviu apelos —dentre outros, do chefe de gabinete Mark Meadows e do filho Donald Jr.— para que fizesse algo.

Segundo a deputada republicana Liz Cheney, que integra o colegiado da Câmara, o órgão teria recebido a informação também de que Ivanka pediu ao pai duas vezes para intervir de alguma forma durante o ataque ao Capitólio.

Donald Trump vem atacando os esforços do comitê, a quem acusa de parcialidade e partidarismo, e tem tentado na Justiça dificultar os trabalhos de apuração. Nesta quarta (19), ele sofreu uma de suas derrotas mais duras nesse contexto, após a Suprema Corte rejeitar um pedido para bloquear a liberação de documentos da Casa Branca ao painel parlamentar.

Os congressistas democratas têm certa pressa, porque querem concluir os trabalhos antes das eleições legislativas de novembro, nas quais as maiorias mínimas do partido nas duas Casas do Congresso estão ameaçadas. Republicanos, que se opuseram à criação da comissão, buscam retomar o controle da Câmara e, assim, encerrar o inquérito.

Nesta quinta, um porta-voz de Ivanka Trump emitiu uma nota sobre a convocação, na qual não esclareceu se ela pretende cooperar com as investigações. "Como o comitê sabe, Ivanka não discursou no comício de 6 de Janeiro. Naquele dia, às 15h15, ela disse publicamente: 'Qualquer falha de segurança ou desrespeito à lei é inaceitável. A violência deve parar imediatamente'", diz o texto.

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