Crise entre Rússia e Ucrânia é problema da Europa, diz Donald Trump

Ex-presidente criticou atuação de Joe Biden e teceu comentários sobre Alemanha, afirmando que país é controlado pelos russos

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Questionado sobre a participação que os Estados Unidos devem ter no conflito que se desenrola na fronteira da Ucrânia, com o avanço de tropas russas, o ex-presidente Donald Trump afirmou tratar-se de um "problema europeu". "A Europa deve estar totalmente envolvida", disse o republicano nesta sexta-feira (28), durante entrevista ao radialista conservador Glenn Beck.

A provocação de Trump dirige-se a seu sucessor na Casa Branca, Joe Biden, que vem adotando postura contrária à de omissão sugerida pelo político conservador. O presidente americano tem elevado o alarme acerca do risco de uma invasão russa da Ucrânia, colocou 8.500 soldados em prontidão para envio imediato ao Leste Europeu e declarou que deve mover as tropas americanas "no curto prazo".

O ex-presidente Donald Trump discursa durante evento de lideranças e grupos conservadores na Flórida - Octavio Jones - 28.fev.2021/Reuters

Trump criticou as táticas de negociação diplomática adotadas pelos EUA e sugeriu que o presidente russo, Vladimir Putin, foi encorajado a invadir a Ucrânia. "Acho que, há duas semanas, ele não tinha intenção de fazer isso. Ele estava apenas negociando e fazendo seu truque, o que ele gosta de fazer", disse. "Mas agora ele está vendo que esse é o caminho devido às pessoas estúpidas com as quais ele está lidando."

Washington tem sido um dos principais atores diplomáticos para tentar apaziguar o conflito no Leste Europeu, acirrado quando Moscou moveu um contingente de 100 mil a 175 mil soldados às fronteiras ucranianas. As conversas bilaterais surtiram pouco efeito prático por ora, com os EUA negando pedidos feitos pela Rússia, como o retorno da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) a seu tamanho antes da absorção de membros ex-comunistas.

Os EUA voltaram a afirmar, neste sábado (29), que são concretos os indicativos de que Putin estaria pronto para invadir a Ucrânia. Isso porque o contingente militar russo na fronteira já reúne, inclusive, estoques de sangue e outros materiais médicos que permitiriam tratar eventuais vítimas, disseram três autoridades do governo, sob condição de anonimato, à agência de notícias Reuters.

Durante a entrevista concedida a Glenn Beck, Trump também teceu críticas a outro personagem dos diálogos –este, porém, bem mais tímido. O republicano afirmou que a Alemanha é controlada pela Rússia devido ao Nord Stream 2, o gasoduto que liga os dois países sob o mar Báltico, permite que os russos dupliquem suas exportações de gás para a Europa e que gerou um imbróglio geopolítico.

"[Foi] um dos movimentos mais idiotas que já vi", disse. "Isso significa que a Rússia os controla. A Rússia é dona da Alemanha", seguiu Trump, que, quando presidente, impôs sanções contra as empresas envolvidas na obra, forçando a interrupção temporária da construção.

"Eles estão recebendo sua energia da Rússia, então a Rússia tem controle total sobre a Alemanha, e a Alemanha está dizendo 'ah, bem, não queremos lutar contra eles'. Eles não podem lutar contra eles por causa do que está acontecendo com a energia."

Há pouco menos de duas semanas, a ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, afirmou que o país estaria disposto, sim, a defender Kiev. "Não há outra opção, mesmo que isso signifique pagar um alto preço econômico", disse a ministra, referindo-se, entre outras coisas, às possíveis consequências para o Nord Stream 2.

A Alemanha, porém, recebeu críticas de Kiev nesta semana após dizer não a um pedido de envio de armamento para ajudar o país. A chancelaria ucraniana chegou a dizer que o governo do premiê Olaf Scholz estaria encorajando Putin a prosseguir com uma invasão.

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