Descrição de chapéu União Europeia

Deputado francês é atacado com algas e lama por manifestantes antivacina

Vídeo mostra agressões contra Stéphane Claireaux, favorável a passaporte vacinal

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Paris | Reuters

Um parlamentar francês, membro do partido do presidente Emmanuel Macron, foi agredido neste domingo (9) com algas e lama por manifestantes contrários ao passaporte vacinal de Covid-19.

Stéphane Claireaux, do República em Marcha (LREM), que estava em frente à sua casa em Saint Pierre-e-Miquelon, território ultramarino francês situado na costa canadense, quando foi atacado, disse que vai entrar com uma ação na Justiça. "Estamos todos recebendo ameaças de morte por correio, em algum momento isso tem que parar", disse ele à rede France Info, comparando o ocorrido a um "apedrejamento".

O deputado Stephane Claireaux, de Saint-Pierre and Miquelon, em foto de 2017
O deputado Stephane Claireaux, de Saint-Pierre and Miquelon, em foto de 2017 - Chantal Briand-17.jun.17/AFP

Ele contou que saiu para conversar com manifestantes quando começou a ser agredido e insultado, acrescentando que um deles chegou a arrancar sua máscara, dizendo que o coronavírus não existe.

A agressão se dá poucos dias após Macron ter dito que quer "irritar" os franceses não vacinados, tornando a vida deles tão complicada que eles acabem aderindo ao imunizante. Ao jornal Le Parisien o presidente usou o verbo "emmerder", registro coloquial que, a depender do contexto, pode ter um sentido chulo.

A ministra dos Territórios Ultramarinos, Annick Girardin, condenou nesta segunda o ataque e postou no Twitter um vídeo do incidente, com manifestantes jogando lama em Claireaux. "As imagens são chocantes", escreveu. Macron, durante uma visita à cidade de Nice, no sudeste da França, também fez críticas ao episódio, dizendo se tratar de algo "intolerável e inaceitável".

Rivais políticos do presidente —que ainda não confirmou sua candidatura à reeleição, no pleito de abril— seguiram na mesma linha ao falar sobre as agressões, mas destacaram um clima de tensão que teria sido criado pelo próprio líder francês, na semana passada, com a declaração polêmica.

À rádio RMC o deputado do partido Republicanos, de direita, Éric Ciotti pediu "sanções contra quem usa a violência de forma um tanto maluca, com argumentos delirantes", mas também criticou o que chamou de provocações de Macron —segundo ele, feitas "em busca de conflito" por motivos eleitorais.

"O presidente da República agiu como um incendiário, porque atacou pessoas não vacinadas em vez de convencê-las", disse a candidata à Presidência pelo Republicanos, Valérie Pécresse, à France Info.

O chefe do Partido Socialista, Olivier Faure, disse que "alguns antivacinas usam as provocações do presidente para justificar a violência". O ataque é "absolutamente inaceitável", escreveu no Twitter seu colega ecologista Julien Bayou. O líder do partido de Macron na Câmara, Christophe Castaner, afirmou que em 2021 foram registradas 322 ameaças a deputados, a maior parte membros de sua legenda.

As declarações do presidente e o recorde de casos de Covid-19 em meio a uma nova onda de Covid, marcada pelo avanço da variante ômicron, recolocaram a saúde na linha de frente da campanha eleitoral.

Para analistas, com a frase forte sobre irritar ativistas antivacinas, o presidente teve a intenção de impor o tema do coronavírus à pauta nacional. Por enquanto, Macron lidera as pesquisas de intenção de voto, seguido de candidatos de direita (Marine Le Pen) e de ultradireita (Eric Zemmour).

Macron já foi agredido por franceses descontentes com seu governo. Em junho, levou um tapa no rosto durante visita a uma cidade do sul do país. Em setembro, levou uma ovada em uma feira de gastronomia. No final de 2018, durante protestos dos coletes amarelos —movimento iniciado após tentativa de elevar impostos sobre combustíveis—, também foi atacado após ter o carro bloqueado por manifestantes.

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