Descrição de chapéu Governo Biden Folhajus

EUA acusam invasores do Capitólio de conspiração para sedição pela 1ª vez

Líder de milícia de extrema direita é detido; tentativa de derrubar à força o governo pode levar a 20 anos de prisão

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Washington | Reuters e AFP

A Justiça dos Estados Unidos fez nesta quinta-feira (13), pela primeira vez nos casos que envolvem a invasão do Capitólio, acusações de conspiração sediciosa. Foram alvos dos promotores o líder do grupo de extrema direita Oath Keepers, Stewart Rhodes, e outras dez pessoas. Trata-se da mais grave acusação já feita contra participantes do ataque à democracia realizado um ano atrás.

O crime é definido como tentativa de depor, derrubar ou destruir à força o governo dos EUA, com sentença máxima de 20 anos de prisão. Entre os 11 acusados desta quinta, nove já eram réus em outros processos, por delitos como conspiração para cometer um crime e afetar um procedimento oficial.

Apoiadores de Donald Trump invadem Capitólio para impedir certificação da vitória de Joe Biden na eleição presidencial dos EUA
Apoiadores de Donald Trump invadem Capitólio para tentar impedir certificação da vitória de Joe Biden na eleição presidencial dos EUA - Win McNamee - 6.jan.21/AFP

Os Oath Keepers (guardiões do juramento) são um grupo relativamente pouco organizado de ativistas que dizem acreditar que o governo federal está usurpando seus direitos. Eles se concentram no recrutamento de policiais e ex-agentes, trabalhadores de serviços de emergência e militares.

O grupo foi fundado em 2009 por Rhodes, um ex-militar de 56 anos. Ele foi preso nesta quinta.

Os procuradores disseram que, no fim de dezembro de 2020, Rhodes usou meios de comunicação privados criptografados para organizar sua ida à capital americana em 6 de janeiro —data da invasão. Ele e outras pessoas planejaram levar armas para o local para ajudar no apoio da operação.

"[Os acusados] organizaram deslocamentos de todo o país até Washington, equiparam-se com todo o tipo de armamento, vestiram uniformes de combate e estavam prontos para responder ao chamado às armas de Rhodes", afirma o documento de acusação. O líder e fundador do grupo estava na área do Capitólio no momento da invasão, mas não está claro se ele entrou no edifício.

Ainda que alguns membros do Oath Keepers tenham invadido o Congresso usando material tático, outros permaneceram do lado de fora, formando o que eles consideraram equipes de "força de resposta rápida", preparadas para transportar rapidamente armas para a cidade, disse um dos procuradores.

A acusação alega que Thomas Caldwell, que já era réu, e Edward Vallejo, acusado agora, ficaram encarregados da coordenação dessa força. Vallejo, 63, também foi preso nesta quinta.

Ocorrida há pouco mais de um ano, a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 levou apoiadores do então presidente Donald Trump a uma tentativa fracassada de impedir o Congresso americano de certificar a vitória eleitoral de Joe Biden à Presidência.

O ataque ocorreu pouco depois de um inflamado discurso no qual o republicano repetiu acusações sem fundamento de que sua derrota foi resultado de uma fraude generalizada. Ele então instou seus apoiadores a ir para o Capitólio "lutar como nunca" para impedir que a eleição fosse roubada.

Na véspera de o ataque completar um ano, o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, prometeu responsabilizar qualquer pessoa envolvida. A pasta já acusou mais de 725 pessoas, das quais 165 se declararam culpadas e ao menos 70 já receberam sentenças —a mais dura foi de cinco anos de prisão. Garland disse ainda que o Departamento de Justiça "seguiria os fatos aonde quer que eles levassem."

A acusação por conspiração sediciosa eleva o tom dos processos apresentados até agora. Ao longo dos anos, o Departamento de Justiça obteve a condenação pelo crime de nacionalistas porto-riquenhos e supostos militantes islamistas.

O delito apareceu ainda com destaque em um caso que autoridades federais abriram em 1987 contra líderes e membros de um grupo neonazista conhecido como The Order (a ordem). Foram indiciados 14 supostos membros ou apoiadores, dez dos quais enfrentaram acusações de conspiração sediciosa. Após um julgamento de dois meses, o júri inocentou todos os réus.

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