Descrição de chapéu China

EUA retiram processo contra cientista do MIT suspeito de ocultar laços com a China

Promotores disseram não ter provas contra engenheiro, em novo revés à Iniciativa China

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Boston | Reuters

O Departamento de Justiça dos EUA retirou nesta quinta (20) as acusações contra um professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) suspeito de ocultar laços com a China ao pedir financiamento federal para pesquisas, em um revés da política de repressão à influência de Pequim em universidades.

Promotores federais em Boston disseram que novas informações surgiram e que elas acabam com as suspeitas de omissões de Gang Chen, engenheiro mecânico e de nanotecnologia nascido na China.

Chen foi preso em janeiro de 2021 acusado de não informar, ao pedir financiamento de US$ 2,7 milhões ao Departamento de Energia para pesquisas, a atuação como "especialista no exterior" para o governo chinês e a participação no conselho consultivo da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul de Shenzhen.

Gang Chen, professor do MIT que chegou a ser preso por suspeita de ocultar laços com a China - Wen Zeng/Divulgação MIT

A acusação estava dentro do escopo da chamada Iniciativa China, lançada durante o governo do então presidente Donald Trump para combater suspeitas de espionagem econômica e roubo de pesquisas por parte do governo chinês. A procuradora Rachael Rollins disse nesta quinta-feira que os promotores não tinham provas suficientes para sustentar o caso em um julgamento.

De acordo com o jornal americano The New York Times, autoridades do Departamento de Energia disseram aos procuradores que o órgão financiaria a pesquisa de Chen mesmo que ele tivesse alertado sobre as relações com a China, porque isso não faria diferença na pesquisa.

Robert Fisher, advogado do professor, disse que ele "revelou tudo o que deveria divulgar e nunca mentiu ao governo ou a qualquer outra pessoa". Mais de 200 profissionais das cinco escolas da instituição assinaram uma carta de solidariedade a Chen, e a universidade pagou as despesas dele com advogados.

A Iniciativa China mirou especialmente professores universitários. No final de 2021, a Justiça dos EUA condenou Charles Lieber, 62, um dos mais importantes cientistas do país na área de nanociência, por mentir sobre suas ligações com um programa de recrutamento do governo chinês.

Ele é diretor licenciado do Departamento de Química da Universidade Harvard e está no estágio final de um linfoma incurável, mas deve recorrer da decisão. Críticos dizem que a iniciativa enfraqueceu a pesquisa acadêmica do país e, por discriminação racial, teve como alvos pesquisadores chineses.

O caso de Lieber vinha sendo visto como um teste para a força das acusações do Departamento de Justiça, depois que mais de 2.000 acadêmicos denunciaram ao secretário de Justiça, Merrick Garland, um clima de discriminação racial e intimidação, pedindo o fim do programa.

Apesar da vitória no caso de Harvard, em vários outros o governo perdeu na Justiça. No ano passado, o Departamento de Justiça retirou sete processos do tipo. Em setembro, um pesquisador da Universidade do Tennessee foi absolvido de todas as acusações, num processo que um jurado classificou de ridículo.

Anming Hu, professor de nanotecnologia da instituição, foi seguido durante dois anos por agentes do FBI e acusado de mentir para a Nasa, a agência espacial do país, sobre seu trabalho com os chineses.

A universidade começou a cooperar com o governo quando foi informada de que o professor seria agente chinês e o demitiu. Segundo sua defesa, ele vai recuperar o emprego após a extinção do processo.

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