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Otan diz que vai reagir com força se Putin invadir a Ucrânia

Secretário de Estado dos EUA questiona tropas russas enviadas para o Cazaquistão

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São Paulo

Na primeira da série de reuniões para discutir a crise na Ucrânia, os chefes da diplomacia dos 30 membros da Otan concordaram que a aliança militar ocidental deve dar uma "resposta forte" se a Rússia invadir o vizinho.

A retórica vai em linha com a das últimas semanas, mas dá o tom do que deve ser uma difícil semana de negociações com o governo de Vladimir Putin.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, durante pronunciamento sobre a crise com a Rússia
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, durante pronunciamento sobre a crise com a Rússia - John Thys/AFP

Para o secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, "o risco de conflito é real". Já o secretário de Estado americano, Antony Blinken, usou o termo "resposta forte" para definir o que a Otan deveria fazer em caso de ação russa —ecoando fala de dias atrás do presidente Joe Biden.

Desde novembro, Putin vem posicionando cerca de 100 mil homens e armamentos em posições relativamente próximas às fronteiras ucranianas. Ele diz reagir à ação da Otan de armar Kiev e busca uma solução para o conflito no leste do país que mantenha a Ucrânia sem chance de ingressar na aliança.

Assim, visa manter um tampão estratégico entre si e a Europa. Já o tem na Belarus, onde a ditadura passou a ser teleguiada de Moscou após anos de jogo duplo do líder Aleksandr Lukachenko, que viu sua posição ameaçada por protestos e apelou ao aliado.

Em 2014, Putin anexou a Crimeia e fomentou a guerra civil que gerou áreas autônomas pró-Kremlin no leste da Ucrânia. No atual movimento, ele foi além e emitiu um ultimato ao Ocidente, pedindo o fim da expansão da Otan e a retirada de forças da aliança de países que aderiram a ela depois de 1997.

Ou seja, todo o bloco que era soviético (Estados bálticos) ou aliado comunista. Isso não será aceito pela Otan, o que levará a um impasse ou a uma rodada de eventuais concessões outras.

​Elas começarão a ser discutidas na segunda (10), em Genebra, com o encontro de uma delegação russa com a outra americana. Na quarta, Bruxelas sediará o principal evento da semana, um encontro do quase extinto Conselho Otan-Rússia, estabelecido para facilitar o diálogo de partes que hoje nem têm representantes diplomáticos de lado a lado.

Na quinta, em Viena, haverá um encontro dos 57 países da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa), entidade da qual membros da Otan, da Rússia e da Ucrânia participam. E a aliança militar ocidental irá novamente se reunir de forma virtual, desta vez com seus ministros de Defesa.

Stoltenberg, claro, disse que o objetivo é o de encontrar uma solução pacífica. Blinken foi na mesma direção, mas lembrando as ameaças de sanções econômicas feitas por seu chefe nas duas conversas virtuais que teve com Putin. Mas, ao enfatizar o papel da Otan, concedeu um grau ou dois a mais à temperatura da crise, dado que cabe à aliança apenas a dimensão militar do problema.

O americano também disse questionar a natureza da intervenção russa na crise do Cazaquistão, onde o governo local tenta esmagar protestos e requisitou à versão pós-soviética da Otan, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva, tropas para ajudar sua missão.

Dezenas de pessoas já morreram, e o grosso dos soldados liderados pelo Kremlin, cerca de 2.500 soldados, chegou nesta sexta ao país. Críticos veem uma oportunidade para que Putin se reforce ante a Europa, como um pacificador da Ásia Central, mas há o fato de que uma crise continuada drenaria suas forças no embate com a Otan.

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