Papa Francisco critica quem substitui filhos por cães e gatos

Pontífice diz que não ter descendentes 'tira nossa humanidade' e lamenta queda da taxa de natalidade

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Cidade do Vaticano | AFP

Na primeira audiência geral do ano, no Vaticano, nesta quarta-feira (5), o papa Francisco criticou quem não quer ter filhos, o que na visão dele seria uma forma de egoísmo, e lamentou que animais domésticos "ocupem esse lugar".

"Hoje vemos uma forma de egoísmo. Alguns não querem ter filhos. Às vezes têm um e param por aí, mas têm cães e gatos que ocupam esse lugar", afirmou. "Isso pode fazer as pessoas rirem, mas é a realidade."

O papa Francisco discursa durante a audiência geral, no Vaticano
O papa Francisco discursa durante a audiência geral, no Vaticano - Filippo Monteforte/AFP

Francisco também pediu às instituições que facilitem os processos de adoção, para tornar realidade o sonho de crianças que precisam de uma família e o dos casais que desejam acolhê-las. "A negação da paternidade e da maternidade nos diminui, tira nossa humanidade, a civilização envelhece", disse.

O pontífice ainda voltou a criticar o chamado "inverno demográfico" e a "dramática queda na taxa de natalidade" registrada em muitos países ocidentais, convidando as pessoas a terem filhos ou a adotá-los.

No Brasil, onde 65% da população se declara católica, a taxa de fecundidade vem caindo. Segundo o Banco Mundial, o índice em 2019 estava em 1,72 filhos por mulher, enquanto 20 anos antes era de 2,36. Pesquisa do IBGE feita também em 2019 apontou que quase metade dos domicílios do país tem ao menos um cachorro e 20%, no mínimo um gato.

"Ter um filho é sempre um risco, seja natural ou adotado. Mas mais arriscado é não ter. Mais arriscado é negar a paternidade, negar a maternidade, seja ela real ou espiritual", insistiu Francisco.

Não é a primeira vez que Francisco faz esse tipo de crítica. Em 2015, ele já havia dito que não querer ter filhos é um ato egoísta e que "uma sociedade com uma geração gananciosa, que não quer se cercar de crianças, que as considera fonte de preocupação, um peso, um risco, é uma sociedade deprimida".

No último dia 1º, em sua mensagem de ano-novo, o papa voltou a citar a fertilidade. Dessa vez, porém, para condenar a violência contra as mulheres, o que chamou de insulto a Deus.

Na ocasião, Francisco disse que são as mulheres "que mantêm os fios da vida". "Visto que as mães dão vida e as mulheres mantêm o mundo [unido], vamos fazer mais esforço para promover as mães e proteger as mulheres", pregou.

No fim de semana, na virada do ano, ele também dedicou uma mensagem à família, em especial às mulheres. Em missa na Basílica de São Pedro, disse que são as mulheres "que mantêm os fios da vida" e que "machucar uma mulher é insultar a Deus".

Na ocasião, Francisco aparentou estar bem de saúde, após especulações sobre um possível incidente na véspera do Ano-Novo, quando compareceu ao serviço religioso, mas no último minuto não o presidiu, como era esperado.

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