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Pequim diz que ômicron veio em carta do Canadá e pede cautela com correspondência estrangeira

Contaminação via superfícies, porém, é considerada improvável; autoridades descartam transmissão local da variante

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BAURU (SP)

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Pequim recomendou que os moradores da capital chinesa deixem de receber correspondências e produtos comprados no exterior depois que amostras da variante ômicron foram detectadas em uma carta vinda do Canadá.

Entre as orientações, o CDC pediu que pacotes e envelopes sejam manuseados sempre com máscaras e luvas, de preferência do lado de fora das casas e, se possível, depois de terem sido higienizados.

Segundo as autoridades, a mutação do coronavírus foi identificada na correspondência recebida por um homem que é o primeiro paciente a receber o diagnóstico da variante em Pequim. O caso foi confirmado no último sábado (15). "Não descartamos a possibilidade de que a pessoa tenha sido infectada ao entrar em contato com um objeto do exterior", disse Pang Xinghuo, vice-diretora do CDC de Pequim.

Coleta de amostra para teste de detecção do coronavírus em Pequim, na China - Thomas Peter - 17.jan.22/Reuters

Autoridades de saúde chinesas têm reiterado a possibilidade de que é possível ser infectado pelo coronavírus por meio do contato com objetos contaminados, como o que teria ocorrido com o paciente em Pequim e mesmo em Wuhan, onde o primeiro caso de Covid-19 foi identificado há mais de dois anos.

Essa teoria, porém, é considerada altamente improvável pela maioria dos cientistas. Embora amostras colhidas de superfícies possam gerar resultado positivo em testes, isso significa que o exame detectou vestígios do coronavírus, mas não necessariamente com carga viral suficiente para infectar uma pessoa.

A confirmação do diagnóstico em Pequim levou autoridades da capital a realizarem uma força-tarefa para identificar a origem da contaminação. Segundo Pang, do CDC, as equipes souberam que o paciente recebia correspondências do exterior, de modo que passaram a examinar o material enviado pelo correio.

A carta na qual amostras da ômicron foram encontradas foi postada em Toronto, no Canadá, no dia 7 de janeiro e chegou a Pequim no dia 11, depois de passar pelos Estados Unidos e por Hong Kong.

O CDC informou que todos os funcionários da unidade que recebeu a carta foram postos em quarentena. Oito pessoas que podem ter tido contato direto com a correspondência fizeram testes de coronavírus e tiveram resultado negativo. Autoridades de Pequim, no entanto, disseram ter encontrado vestígios do vírus em mais cinco correspondências também enviadas do Canadá a outros endereços na China.

Segundo Pang, o homem infectado não saiu de Pequim nos 14 dias anteriores à confirmação do diagnóstico. A partir dos exames, também se constatou a presença da ômicron e que o paciente, com sintomas leves, estava no estágio inicial da doença.

A força-tarefa, fruto da política de "Covid zero" da China, rastreou e testou pessoas que tiveram contato com a pessoa contaminada. Segundo o CDC, 69 contatos próximos receberam resultado negativo, assim como 16,5 mil pessoas que estiveram nos mesmos ambientes que o homem frequentou nos últimos dias. Esse montante de amostras foi analisado em um período de 48 horas.

Epidemiologistas entrevistados pelo Global Times, jornal alinhado ao Partido Comunista Chinês, disseram que, devido ao sequenciamento da ômicron na capital, a cidade pode estar sujeita a restrições mais rigorosas, como o controle do tráfego e a imposição de uma campanha de testes em massa.

Um porta-voz da Prefeitura de Pequim disse ainda no sábado que a identificação da variante na cidade de mais de 21 milhões de habitantes soa um alarme devido à proximidade dos Jogos de Inverno, previstos para começar em três semanas. Nesta segunda, em discurso transmitido no Fórum Econômico Mundial, o líder do regime, Xi Jinping, prometeu que os Jogos de Pequim serão "efetivos, seguros e esplêndidos".

O temor, porém, é o de que o fluxo de pessoas na capital em decorrência da competição esportiva possa levar a China a uma alta de casos semelhante à registrada no Japão após as Olimpíadas de Tóquio.

Neste domingo (16), autoridades locais determinaram que, de sábado (22) até o fim de março, todos que chegarem a Pequim terão que apresentar um teste de Covid com resultado negativo feito no máximo 48 horas antes da chegada. Terão ainda que fazer um novo exame em até 72 horas após entrar na capital.

Segundo o Global Times, o CDC voltou a exigir o uso de máscaras, sem exceções, e várias escolas de Pequim retomaram o ensino remoto nesta semana, a última antes das férias de inverno. Centros culturais, templos religiosos e até um setor da Muralha da China foram fechados como medida de prevenção.

Em âmbito nacional, a China contabilizou 223 novos casos de Covid nesta segunda, o número mais alto desde março de 2020. A maioria das infecções foi confirmada em Tianjin, no norte do país, e na província de Henan, na região central, onde há cidades em que as autoridades decretaram confinamentos.

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