Polícia prende enfermeira na Itália por aplicação de doses falsas a ativistas antivacinas

Pessoas contrárias aos imunizantes buscavam obter comprovantes mesmo sem terem se vacinado

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São Paulo

A polícia de Palermo, na Itália, anunciou no sábado (15) a prisão de uma enfermeira devido à aplicação de doses falsas de imunizantes contra a Covid em ativistas contrários à vacinação —eles buscavam a obtenção do comprovante sem de fato terem recebido o fármaco.

A força de segurança informou no Twitter que a autora de "vacinações fictícias" será investigada por falsidade ideológica e peculato, ou seja, subtração ou desvio de dinheiro ou bem público. Em um vídeo que acompanha a mensagem, a enfermeira é flagrada por uma câmera de segurança despejando a dose de imunizantes num tecido antes de realizar a aplicação em uma pessoa.

Enfermeira despeja dose de vacina contra a Covid antes da aplicação em pessoa na Sicília, na Itália
Enfermeira despeja dose de vacina contra a Covid antes da aplicação em pessoa na Sicília, na Itália - Reprodução

Segundo o jornal britânico The Guardian, trata-se de uma mulher de 58 anos que trabalhava em um centro de imunização na capital da Sicília. Assim como fazia com os antivacinas, a polícia diz que a enfermeira também falseou a própria dose de reforço que teria recebido. Esta não é a primeira vez que um episódio do tipo ocorre na Itália. Em dezembro, também na Sicília, três pessoas, incluindo uma enfermeira e o líder de um movimento local contrário a imunizantes, foram presas e acusadas de corrupção e falsificação.

À época, dezenas de comprovantes de vacinação foram obtidos dessa maneira, até mesmo por um policial. A mídia italiana reportou naquele momento que os interessados chegavam a pagar 400 euros (cerca de R$ 2.500, na cotação desta segunda-feira) pelo serviço.

Também em dezembro, um italiano foi denunciado após usar um braço de silicone para tentar enganar uma enfermeira ao se vacinar contra a Covid. Ele, que tentava obter um certificado de imunização sem tomar a dose, trabalhava na área da saúde e havia sido suspenso do trabalho por se recusar a ser vacinado contra a Covid. A vacinação é obrigatória para todos os profissionais de saúde na Itália.

Para tentar conter a disseminação da Covid e diminuir a pressão sobre o sistema de saúde do país, o governo italiano determinou a vacinação obrigatória de todas as pessoas com mais de 50 anos e para a utilização do transporte público. A medida, válida até 15 de junho, faz com que a apresentação de um teste com resultado negativo e o uso de máscara não sejam suficientes para andar em ônibus e metrôs.

Até agora, de acordo com dados do jornal The New York Times, 82% da população italiana já recebeu uma dose da vacina contra a Covid, e 75% estão completamente imunizados —44% receberam a dose de reforço. A média móvel de casos no país, segundo a plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford, está em tendência de alta, com cerca de 3.000 infecções a cada 1 milhão de habitantes.

Para efeito de comparação, os Estados Unidos apresentam 2.426 contaminações no mesmo índice, e o Brasil, 322 —mas especialistas afirmam que os números brasileiros apresentam subnotificação devido à dificuldade para acessar testes de detecção da Covid e o apagão de dados que ocorre no país desde que os sistemas do Ministério da Saúde foram derrubados por ataques de hackers, em dezembro.

Pesquisa Datafolha publicada no sábado (15) mostrou que um em cada quatro brasileiros com 16 ou mais anos de idade diz ter recebido o diagnóstico de Covid desde o início da pandemia. São 42 milhões de pessoas infectadas, quase o dobro do total de casos registrados oficialmente no país.

Com Reuters

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