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Site independente cita deterioração do ambiente para mídia em Hong Kong e fecha

Fim das operações do Citizen News ocorre dias após operação que levou ao encerramento do Stand News, pró-democracia

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Hong Kong | Reuters

Na esteira da operação policial que levou ao fechamento do portal pró-democracia Stand News em Hong Kong, o site de notícias independente Citizen News anunciou neste domingo (2) que encerrará suas operações na terça-feira (4).

O veículo justificou sua decisão pelo que descreveu como uma deterioração do ambiente de mídia no território governado por Pequim, querendo garantir a segurança de sua equipe.

"Lamentavelmente, as rápidas mudanças na sociedade e o agravamento do ambiente para a mídia nos tornam incapazes de alcançar nosso objetivo sem medo", explicou o Citizen News, em comunicado. "Em meio a essa crise, primeiro temos que garantir que todos no barco estejam seguros."

Policiais realizam operação na Redação do site pró-democracia Stand News, em Hong Kong
Policiais realizam operação na Redação do site pró-democracia Stand News, em Hong Kong - Tyrone Siu - 29.dez.21/Reuters

A liberdade de imprensa está dentro do acordo entre Reino Unido e Pequim para a devolução de Hong Kong, até então uma colônia britânica, em 1997. Ativistas pró-democracia e grupos de direitos civis, no entanto, dizem que liberdades têm sido corroídas, principalmente desde que a China impôs uma nova lei de segurança nacional na ilha.

As autoridades honconguesas, por sua vez, rejeitam as acusações e dizem não ter a mídia como alvo.

A decisão do Citizen News ocorre dias após dois editores do Stand News serem acusados de publicar materiais sediciosos. Uma operação de busca levou 200 policiais à Redação do veículo.

Além dos editores, outras quatro pessoas foram presas: a advogada e ex-legisladora democrática Margaret Ng, a cantora pop Denise Ho e dois ex-membros do conselho do Stand News, Chow Tat-chi e Christine Fang. Após a ação, os jornalistas tiveram o pedido de fiança negado e o jornal anunciou que encerraria suas atividades.

O fechamento dos dois veículos nos últimos dias se dá ainda cerca de seis meses depois de centenas de agentes invadirem a Redação do jornal Apple Daily, prendendo executivos por supostos crimes de conluio com um país estrangeiro. Nos dias que se seguiram à operação, a polícia congelou os bens da publicação e o jornal também encerrou sua circulação.

Na véspera da operação no Stand News, promotores apresentaram novas acusações de publicações sediciosas contra Jimmy Lai, executivo do Apple Daily, e outros seis ex-funcionários do veículo. Segundo o argumento da promotoria, o conteúdo poderia "trazer ódio ou desprezo" ou "motivar descontentamento" contra autoridades de Hong Kong e da China.

A polícia não divulgou, no entanto, quais reportagens do Apple Daily ou do Stand News foram consideradas sediciosas.

Sedição não está entre as ofensas listadas na lei de segurança nacional imposta por Pequim na ilha em junho do ano passado. São puníveis, por exemplo, terrorismo, conluio com forças estrangeiras, subversão e secessão, com penas que chegam a prisão perpétua.

Julgamentos recentes, no entanto, têm permitido às autoridades usar poderes conferidos pela nova legislação para implantar leis da era colonial usadas anteriormente de forma escassa, incluindo a Ordem do Crime, que cobre a sedição.

Autoridades defendem que a lei de segurança nacional restaurou a ordem após os protestos pró-democracia de 2019, classificados como frequentemente violentos, e não limita direitos e liberdades. Críticos, por outro lado, argumentam que a legislação é uma ferramenta para sufocar a dissidência e que colocou a ex-colônia britânica em um caminho autoritário.

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