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Toque de recolher na véspera do Ano-Novo gera reclamações em Québec, no Canadá

Governador proibiu festas privadas em meio a aumento de casos de Covid-19

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Toronto | AFP

Um toque de recolher noturno anunciado na véspera do Ano-Novo, que inclui a proibição de festas privadas, gerou uma reação de políticos de oposição na província canadense de Québec, com um popular ideólogo conservador pregando a desobediência civil contra a medida.

Na quinta (30), o governo local impôs restrições à circulação das 22h até as 5h para tentar conter a disparada de casos de Covid-19 na região. As festas privadas foram proibidas, e restaurantes e outros locais foram obrigados a fechar.

Manifestantes protestam contra o primeiro toque de recolher imposto em Montreal, Québec, Canadá, em maio deste ano; restrição voltou a ser anunciada nesta semana
Manifestantes protestam contra o primeiro toque de recolher imposto em Montreal, Québec, Canadá, em maio deste ano; restrição voltou a ser anunciada nesta semana - Andrej Ivanov-1.mai.21/AFP

Quem violar a proibição pode ter que pagar uma multa de até 6.000 dólares canadenses (R$ 26 mil). A segunda maior cidade do país, Montreal, fica nessa província.

O governador de Québec, François Legault, afirmou, em entrevista coletiva, que o confinamento é necessário para evitar que o aumento dos contágios leve a um colapso dos hospitais. "É uma medida extrema para uma situação extrema", disse.

Legault relatou que o número de hospitalizações dobrou recentemente e que também cresceu o número de profissionais de saúde que têm sintomas gripais ou confirmação de Covid-19 e precisam faltar ao trabalho.

Os três principais partidos de oposição de Québec criticaram a decisão, argumentando que se trata de um sinal de que houve falha do governo em se preparar, segundo a imprensa local. O líder liberal da oposição, Andre Fortin, disse em entrevista nesta sexta que, se o governador tivesse agido antes, haveria menos necessidade de medidas severas.

"Nenhuma outra província do Canadá tem tantas medidas restritivas. Em vez disso, estão anunciando melhor ventilação nas escolas e vacinação acelerada. Mas nosso governo optou por ser restritivo em vez de agir", afirmou.

O psicólogo e influenciador conservador Jordan Peterson, que tem mais de 2 milhões de seguidores no Twitter, incentivou a desobediência civil. "Reuniões privadas proibidas. A cura é muito pior do que a doença. Inacreditável. É tempo de desobediência civil", escreveu na rede social.

O toque de recolher é o segundo da pandemia em Québec. O primeiro, decretado no início de janeiro de 2021, durou cinco meses.

A província registrou 16.461 novos casos de Covid-19 e 13 mortes na sexta-feira. No início desta semana, decidiu permitir que os profissionais de saúde que estejam com Covid-19 e assintomáticos continuassem trabalhando, temendo o colapso dos hospitais.

O Canadá relatou um número recorde de casos nos últimos dias, dobrando em uma semana, até chegar a 30 mil novas infecções na quinta-feira —um reflexo do avanço da variante ômicron.

No mesmo dia em que Québec anunciou o toque de recolher, a província de Ontario restringiu o público de concertos e eventos esportivos para 50% da capacidade do espaço ou 1.000 pessoas e autorizou a quarta dose da vacina para idosos em casas de repouso.

Outra região canadense, a Colúmbia Britânica, cancelou todas as festividades de Ano-Novo, permitindo apenas jantares em restaurantes, mas "sem que as pessoas se misturem nem dancem", segundo um comunicado.

Alta de casos na Europa

Seguindo orientações de uma comissão científica, Paris passou a virada de Ano-Novo sem exibição de fogos de artifício e eventos na Champs-Élysées.

A França registrou 219.126 novos casos de Covid em 24 horas neste sábado (1º), no quarto dia consecutivo em que mais de 200 mil casos são relatados.

Segundo o governo do país, a partir da segunda (3), as regras de isolamento do país serão aliviadas: pessoas que testarem positivo e estiverem com o esquema vacinal completo deverão se isolar por sete dias e não dez, como ocorre atualmente.

Na Inglaterra, nesta sexta (31) autoridades afirmaram que a queima de fogos e o show de luzes, cancelados em outubro, seriam transmitidos pela televisão. O país relatou 162.572 novos diagnósticos de coronavírus no sábado –em comparação com 160.276 do dia anterior, segundo informações oficiais.

A compilação normalmente inclui a Escócia, o País de Gales e a Irlanda do Norte, mas desta vez isso não foi possível devido ao horário de publicação dos boletins no fim de semana de Ano-Novo.

O governo britânico pediu ao setor público que trabalhasse em um plano de contingência considerando o pior cenário, de 25% de ausência de trabalhadores, como parte de uma estratégia para minimizar efeitos da variante ômicron.

Com o número de novas infecções diárias crescendo e com a necessidade de isolamento por ao menos sete dias, o governo espera que empresas e serviços públicos enfrentem interrupções nas próximas semanas, disse um comunicado oficial.

O premiê Boris Johnson pediu aos ministros que trabalhem em estreita colaboração com seus respectivos setores para desenvolver planos de contingência robustos, afirmou seu gabinete. O impacto da ômicron na força de trabalho em cadeias de abastecimento, serviços públicos e escolas está sendo monitorado de perto, de acordo com o órgão.

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