Trump, filhos de Trump e empresa de Trump inflaram ativos para obter benefícios, diz procuradora

Prédio avaliado em US$ 257 milhões em menos de um ano foi descrito custando US$ 735 milhões

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nova York | Reuters

A procuradora-geral do Estado de Nova York acusou a empresa da família do ex-presidente Donald Trump de distorcer repetidas vezes o valor de suas propriedades para obter benefícios financeiros. Para tal, citou nesta quarta-feira (19) o que, de acordo com ela, são evidências significativas de fraude.

As acusações de Letitia James marcam um aprofundamento na investigação civil que começou em 2019 em torno dos negócios do republicano, da Trump Organization e dos papéis dos filhos dele no caso.​

Letitia tem tentado forçar o ex-presidente e seus filhos Donald Trump Jr. e Ivanka Trump a cumprirem as intimações para testemunharem sob juramento, o que a família tem tentado travar na Justiça. Nem Trump nem seus filhos foram acusados ​​na esfera criminal, porque a investigação é civil.

O ex-presidente chamou a investigação de Letitia, filiada ao Partido Democrata, de uma "caça às bruxas".

Trump Tower, em Nova York; apartamento na cobertura teve metragem dobrada em relatórios - Spencer Platt/Getty Images/AFP

Ao todo, segundo a investigação, seis propriedades da família Trump tiveram valores distorcidos, entre as quais clubes de golfe em Aberdeen, na Escócia, e Westchester, próximo a Nova York. Também aparecem na apuração uma mansão no mesmo condado de Westchester, edifícios em Wall Street e na Park Avenue, em Manhattan, além de um apartamento na cobertura da Trump Tower.

A suspeita é de que os valores dos imóveis tenham sido alterados para obter empréstimos bancários ou reduzir impostos a serem pagos. De acordo com a procuradora, as cifras distorcidas foram apresentadas a credores, seguradoras e à Receita Federal.

Muitas das acusações se concentram nas declarações anuais de condição financeira de Trump, usadas como fonte de informação a credores sobre os valores associados a vários ativos. A procuradora afirma ter encontrado evidências de que o republicano estava "pessoalmente envolvido" na aprovação das declarações e as usou "em inúmeras transações comerciais para seu próprio benefício financeiro".

Segundo ela, uma declaração em junho de 2015 avaliou o prédio de Trump em Wall Street em US$ 735,4 milhões, apenas oito meses depois de um credor considerar que o mesmo edifício valia US$ 257 milhões.

A investigação aponta ainda que Trump inflacionou os valores do clube de golfe na Escócia e em Westchester com base na especulação de que habitações residenciais poderiam ser construídas lá.

De acordo com Letitia, o ex-presidente, em suas declarações de 2015 e 2016, também exagerou o valor da cobertura da Trump Tower, avaliando-a em US$ 327 milhões e alegando que o imóvel tem 2.787 m2, não os 1.022 m2 descritos em outros documentos que ele próprio havia assinado.

Letitia tenta conseguir na Justiça uma ordem para que Trump preste depoimento em até 21 dias.

"Descobrimos evidências significativas que sugerem que Donald J. Trump e a Trump Organization avaliaram de forma falsa e fraudulenta diversos ativos e deturparam esses valores para instituições financeiras em busca de benefício econômico", afirmou ela em comunicado.

Alina Habba, advogada do ex-presidente, chamou as acusações de "apenas a mais recente de uma longa linha de ataques infundados", em "uma tentativa óbvia de distrair a população de sua própria conduta inadequada". Disse ela: "Letitia, você não está acima da lei". A Trump Organization afirmou que se defenderá das acusações "infundadas" da procuradora, a quem a defesa do conglomerado acusou de distorcer fatos e enganar o público.

Alan Futerfas, advogado de Donald Trump Jr. e Ivanka Trump, disse que as acusações ignoram as "repetidas ameaças de atacar a família" do líder republicano e violam direitos constitucionais, ao conduzir investigações sobrepostas —isso porque a investigação civil coincide com uma criminal, do promotor público de Manhattan, Alvin Bragg, sobre as práticas da companhia do ex-presidente.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.