Apelidada de "fortaleza" por ter imposto uma das restrições de viagens mais rígidas do mundo na pandemia, a Austrália reabrirá suas fronteiras internacionais para turistas vacinados nesta segunda-feira (21).
"A espera acabou", disse o primeiro-ministro Scott Morrison em entrevista coletiva neste domingo (20). "Arrumem suas malas", lançou ele para potenciais visitantes, acrescentando sem muita cerimônia: "Não se esqueçam de trazer dinheiro, porque vocês encontrarão muitos lugares para gastá-lo".
O país fechou suas fronteiras para quase todos, exceto seus cidadãos e estrangeiros residentes, desde março de 2020, na tentativa de impedir o aumento do número de infecções por Covid-19.
A proibição também afetou os próprios australianos, que só podiam viajar para o exterior com uma justificativa.
O primeiro voo para o aeroporto de Sydney chegará de Los Angeles na segunda-feira às 6h (horário local, 16h de domingo no horário de Brasília), seguido por outros vindos de Tóquio, Vancouver e Singapura.
Espera-se que 56 voos internacionais cheguem ao país nas 24 horas pós-reabertura, volume bem abaixo dos níveis pré-pandemia. Morrison disso, porém, que "não tem dúvidas" de que esse número aumentará em breve.
A reabertura da Austrália aos turistas é o exemplo mais claro até agora da mudança do governo de uma abordagem estrita de "Covid zero" para a convivência com o vírus e a minimização dos casos graves e mortes com a vacina.
A maioria das 2,7 milhões de infecções por coronavírus do país ocorreu desde que a variante ômicron surgiu, no final de novembro. Mas como a Austrália tem uma das taxas de vacinação mais altas do mundo –mais de 94% das pessoas com 16 anos ou mais receberam duas doses–, houve pouco menos de 5.000 mortes, uma fração das taxas observadas em vários outros países desenvolvidos.
Neste domingo, o país registrou mais de 16,6 mil casos e pelo menos 33 mortes.
De acordo com a Câmara Australiana de Comércio e Indústria, cada mês dessas restrições custou às empresas cerca de 3,6 bilhões de dólares australianos (R$ 9,5 bilhões), com o turismo particularmente atingido.
O governo espera impulsionar um setor que vivia um crescimento pré-pandemia –o Produto Interno Bruto do chamado turismo real cresceu 3,4% em 2018-2019, em comparação com o crescimento geral do PIB de 1,9%.
A Austrália vem reabrindo gradualmente desde novembro, primeiro tendo permitido que os australianos entrassem e saíssem e depois admitindo estudantes internacionais e trabalhadores de alguns setores. A partir de segunda-feira, os turistas a lazer e mais viajantes a negócios podem entrar.
Pessoas totalmente vacinadas não precisarão ficar em quarentena, mas aquelas que não completaram o primeiro ciclo de duas doses terão que conseguir uma autorização de viagem para entrar no país e estarão sujeitos a requisitos de isolamento estaduais e territoriais.
Tenista não vacinado foi deportado
No mês passado, o tenista sérvio Novak Djokovic não pôde participar do torneio Australian Open porque foi deportado da Austrália após ter seu visto cancelado e ficar detido em um hotel de imigração. Ele viajou sem estar vacinado contra a Covid-19, após receber uma dispensa do comprovante de imunização por ter apresentado um exame positivo para o coronavírus realizado no mês anterior, em seu país de origem.
Essa autorização, porém, foi contestada pelo governo federal, que não considera a infecção recente pelo vírus como um critério válido para dispensar a vacinação como requisito de entrada.
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