'Mundo todo tem problemas', diz Bolsonaro em defesa de viagem à Rússia

Presidente se encontrará com Putin no auge das tensões com a Ucrânia e afirma que 'torce pela paz'

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Brasília

Horas antes de embarcar em uma viagem à Rússia em meio à crise pelo temor de invasão da Ucrânia, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o Brasil é um país soberano e que tem assuntos comerciais e de defesa para tratar nesses encontros bilaterais.

"Temos assuntos para tratar sobre defesa, sobre energia, muita coisa. E o Brasil é país soberano. Vamos torcer pela paz lá, que dê tudo certo", disse o presidente nesta segunda-feira (14) a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Aliados de Bolsonaro e também a comunidade internacional tentaram demover o presidente da ideia da viagem, proposta pelo russo Vladimir Putin no ano passado. Os Estados Unidos pressionaram o governo brasileiro, alegando que o deslocamento transmite a mensagem de que o Brasil apoia as ações do Kremlin no Leste Europeu.

O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto - Adriano Machado - 11.fev.2022/Reuters

"O mundo todo tem seus problemas. Se você começar a querer resolver o problema dos outros, a gente... Se for possível, [se] minha palavra lá, de paz, for para ajudar, tudo bem", disse ainda o presidente. As declarações foram divulgadas por uma página bolsonarista no YouTube.

Bolsonaro embarca às 18h de Brasília para Moscou. Ele deve se encontrar com Putin na quarta-feira (16).

"Sabemos do momento difícil que existe naquela região, temos negócio com eles, comerciais, em grande parte nosso agronegócio depende dos fertilizantes deles."

Os EUA e os aliados da Otan acusam Putin de preparar uma invasão da Ucrânia, de forma semelhante à que fez em 2014, quando anexou a Crimeia. Moscou, por sua vez, rejeita a expansão da aliança militar ocidental, capitaneada pelos americanos, sobre territórios próximos à Rússia e quer a garantia de que a Ucrânia jamais fará parte do grupo.

​Às vésperas da viagem, o Itamaraty divulgou uma nota na sexta celebrando as relações diplomáticas do Brasil com Kiev. "A gente quer paz, mas tem de entender que todo mundo é ser humano. Vamos torcer para dar certo. [Se] depender de uma palavra minha, o mundo teria paz", afirmou Bolsonaro nesta segunda.

A viagem à Rússia será a mais polêmica e arriscada de seu mandato até aqui, com uma curta passagem pelo centro da maior crise de segurança da Europa em décadas.

Depois do encontro com Putin, Bolsonaro visita a Duma (Câmara baixa do Parlamento russo) e um fórum de empresários brasileiros e russos. Integram a comitiva do presidente o chanceler Carlos França e os ministros Walter Braga Netto (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Depois de Moscou, Bolsonaro deve ir a Hungria para um encontro com o premiê Viktor Orbán.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), voltou a afirmar nesta segunda que a viagem não deve causar problemas ao Brasil. "Na semana passada, o presidente da Argentina [Alberto Fernández] esteve lá [na Rússia], zero trauma", disse Mourão a jornalistas.

O general sugeriu que a tensão na região é "fruto das pressões de ambos os lados". "Na minha opinião, vai ficar nesse jogo de pressão. A viagem do presidente é de um dia só, sem maiores problemas", afirmou.

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