Brasileira que esteve na invasão do Capitólio é presa nos Estados Unidos

Apoiadora do ex-presidente Trump, Leticia Vilhena Ferreira pode ser vista em imagens que mostram o interior do edifício

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São Paulo

Uma brasileira que esteve na invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, em Washington, foi presa na última quarta-feira (16) em sua residência, em Indian Park Head, no estado de Illinois.

A Justiça americana acusa Leticia Vilhena Ferreira de entrar ou permanecer conscientemente em edifício restrito sem autorização legal e de entrada violenta e conduta desordeira no território do Capitólio —cuja estrutura inclui barreiras e postos de segurança operados pela polícia do Congresso.

Em imagem retirada de um vídeo de segurança da Polícia do Capitólio dos EUA, Leticia Vilhena Ferreira é vista de gorro vermelho
Em imagem retirada de um vídeo de segurança da Polícia do Capitólio dos EUA, Leticia Vilhena Ferreira é vista de gorro vermelho - Polícia do Capitólio dos Estados Unidos/Reprodução

Naquele dia, Leticia foi até Washington para assistir ao discurso do então presidente Donald Trump. O republicano organizou, no dia em que o Parlamento certificaria a vitória do rival Joe Biden na eleição, um comício para questionar o resultado do voto popular. Na ocasião, exortou seus apoiadores a lutar e depois se recolheu por mais de duas horas.

Enquanto isso, a multidão marchou e invadiu o prédio do Congresso —as pessoas quebraram janelas e agrediram membros da segurança. Cinco pessoas morreram naquele que é considerado o maior ataque à democracia americana nas últimas décadas.

De acordo com o processo, Leticia disse que não conseguiu ver o discurso de Trump e acabou seguindo a multidão, entrando no Capitólio e passando cerca de 20 minutos no local, onde tirou fotografias e fez vídeos. Imagens de câmeras de segurança anexadas à ação mostram a brasileira no interior do prédio, vestindo uma "jaqueta Michael Kors e um gorro vermelho com o nome 'Trump'".

Ela afirmou à Justiça que é cidadã brasileira e está nos EUA com visto de trabalho e, por isso, não está apta a votar. Mensagens de texto do telefone da brasileira acessadas pelos investigadores do caso mostram que ela ficou apreensiva em ser responsabilizada pelo ocorrido.

"Você acha que eles vão atrás de todas as pessoas que entraram no Capitólio?", disse, a um interlocutor não identificado.

Nas mensagens, também afirma que não viu quem de fato invadiu o edifício derrubando barreiras de segurança e acrescenta que apenas entrou andando. "Sou muito irresponsável. Ontem parecia incrível", afirmou, em uma mensagem na sequência.

O processo de Leticia não detalha por quanto tempo ela ficará presa. A Folha não conseguiu localizar a defesa da brasileira.

Multidão entra por meio de uma porta; mulher com um gorro vermelho é identificada com marcação em vermelho
Letícia Vilhena Ferreira, que teve mensagens acessadas por investigadores; texto mostra apreensão da brasileira depois de ter invadido o Capitólio - Polícia do Capitólio dos Estados Unidos/Reprodução

A invasão do Capitólio foi perpetrada por uma multidão de apoiadores insuflados pelo discurso falacioso do ex-presidente Trump sobre suposta fraude nas eleições, jamais comprovada pela Justiça americana. O Congresso tem uma comissão destacada para investigar o 6 de Janeiro, buscando responsáveis inclusive na gestão do republicano, e desde então o governo americano já identificou e puniu mais de 700 pessoas pela invasão —o FBI continua apurando possíveis participantes do ato.

Além das cinco pessoas que morreram durante a invasão, entre as quais um policial atacado por manifestantes, meses depois quatro agentes presentes na ocasião cometeram suicídio. Cerca de 140 oficiais de segurança ficaram feridos.

Ao menos mais um brasileiro também esteve envolvido na invasão. Eliel Rosa se declarou culpado de parte das acusações e foi condenado a 12 meses de pena condicional. Outro invasor de origem brasileira, Samuel Camargo, também foi preso e indiciado, mas ainda não teve o caso julgado; ele aguarda a sentença em liberdade.

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