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Brasileira que invadiu Capitólio nos EUA poderá aguardar julgamento em liberdade; veja vídeo

Leticia Ferreira aparece em imagens das câmeras de segurança dentro do Congresso americano no dia da invasão

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Washington

Leticia Vilhena Ferreira, brasileira que foi detida por invadir o Congresso dos EUA com apoiadores do ex-presidente Donald Trump em 6 de janeiro de 2021, poderá aguardar o julgamento em liberdade.

A decisão foi proferida nesta terça-feira (22). A promotoria fez um pedido por um julgamento rápido, a ser realizado com procedimentos mais simplificados. A solicitação foi aceita, e a próxima audiência do caso foi marcada para o dia 21 de abril.

A promotoria, que representa o governo dos EUA, não pediu que Ferreira ficasse presa enquanto esperava o julgamento. Assim, ela poderá permanecer em liberdade e não precisará pagar fiança.

Segundo Lionel André, advogado de defesa, a brasileira não chegou a ir para a prisão. Ele aponta que as queixas feitas pela acusação contra ela são consideradas contravenções, não crimes graves. "Minha cliente se declarou inocente e pretende questionar as acusações", disse o defensor à Folha.

Em imagem retirada de um vídeo de segurança da Polícia do Capitólio dos EUA, Leticia Vilhena Ferreira é vista de gorro vermelho
Em imagem retirada de um vídeo de segurança da Polícia do Capitólio dos EUA, Leticia Vilhena Ferreira é vista de gorro vermelho - Polícia do Capitólio dos Estados Unidos/Reprodução

Ferreira, 32, havia sido presa em 16 de fevereiro em sua casa, na cidade de Indian Park Head (Illinois). Ela é acusada de entrar ou permanecer conscientemente em edifício restrito sem autorização legal e de entrada violenta e conduta desordeira no território do Capitólio.

Imagens das câmeras de segurança da sede do Legislativo dos EUA mostram o momento em que ela entra no edifício. Usando um gorro vermelho com o nome de Trump, ela aparece andando devagar, com o celular na mão, como se estivesse filmando. Na imagem, obtida em base de dados da ProPublica, Ferreira não comete atos de violência.

Naquele dia, a brasileira foi até Washington para assistir ao discurso do então presidente Donald Trump. O republicano organizou um comício para questionar o resultado do voto popular no dia em que o Parlamento certificaria a vitória do rival Joe Biden na eleição.

Ele exortou seus apoiadores a lutar. Em seguida, a multidão marchou e invadiu o prédio do Congresso —as pessoas quebraram janelas e agrediram membros da segurança. Cinco pessoas morreram naquele que é considerado o maior ataque à democracia americana nas últimas décadas.

De acordo com o processo, Ferreira disse que não conseguiu ver o discurso de Trump e acabou seguindo a multidão. Ela então entrou no Capitólio e ficou cerca de 20 minutos no local, onde tirou fotografias e fez vídeos.

Ela afirmou à Justiça que é cidadã brasileira e está nos EUA com visto de trabalho e, por isso, não está apta a votar. Mensagens de texto do telefone da brasileira acessadas pelos investigadores do caso mostram que ela ficou apreensiva em ser responsabilizada pelo ocorrido.

"Você acha que eles vão atrás de todas as pessoas que entraram no Capitólio?", disse a um interlocutor não identificado. Nas mensagens, também afirma que não viu quem de fato invadiu o edifício derrubando barreiras de segurança e acrescenta que apenas entrou andando. "Sou muito irresponsável. Ontem parecia incrível", afirmou, em uma mensagem na sequência.

O governo americano faz uma investigação extensiva para responsabilizar os invasores do Congresso, Cinco pessoas morreram durante a invasão, entre as quais um policial atacado por manifestantes. Cerca de 140 oficiais de segurança ficaram feridos. Até agora, mais de 750 pessoas foram presas por relação com o caso, segundo a Justiça americana.

Ao menos mais um brasileiro também esteve envolvido na invasão. Eliel Rosa se declarou culpado de parte das acusações e foi condenado a 12 meses de pena condicional. Outro invasor de origem brasileira, Samuel Camargo, também foi preso e indiciado, mas ainda não teve o caso julgado; ele aguarda a sentença em liberdade.

Colaborou a Redação em São Paulo

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