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Canadá tenta liberar ponte com EUA, mas impasse segue com manifestantes antivacina

Ação ocorre após tribunal ordenar fim da interrupção do ponto mais movimentado da fronteira

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Windsor (Canadá) | Reuters e AFP

A polícia do Canadá tenta neste sábado (12) liberar a ponte Ambassador, que liga a cidade americana de Detroit à canadense Windsor, mas o impasse com manifestantes antivacina que bloqueiam o local continua após sete horas do início da operação, sem dar sinais de liberação do tráfego.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, chegou a transitar sem problemas ao redor da ponte, mas dezenas de manifestantes ainda ocupavam a calçada e enfrentavam a polícia, apoiada por veículos blindados.

Manifestantes antivacina confrontam polícia canadense que tenta liberar a ponte Ambassador, na fronteira com os EUA
Manifestantes antivacina confrontam polícia canadense que tenta liberar a ponte Ambassador, na fronteira com os EUA - Jeff Kowalsky/AFP

A operação para liberar a ponte ocorreu mais de 12 horas depois de um tribunal ordenar o fim do bloqueio. "Instamos que todos os manifestantes a agirem de acordo com a lei e pacificamente", escreveu a Polícia de Windsor no Twitter, que pediu para as pessoas evitarem as áreas afetadas pelos protestos.

Os agentes se moviam atrás dos veículos dos manifestantes e, acompanhados de viaturas, avançavam contra o grupo que estava ali —reduzido de 200 pessoas na noite desta sexta (11) para dezenas na manhã deste sábado—, empurrando-os da entrada da ponte.

"Estamos abrindo essa intersecção ao trânsito. Se não seguirem nossas instruções, vocês serão presos", um policial dizia em um alto-falante. Os manifestantes eram vistos recuando, desmanchando tendas e grelhas de churrasco, em uma barulhenta retirada.

A ponte foi ponto central da tensão entre os países vizinhos e seu bloqueio que durava cinco dias levou os EUA a pressionarem o governo canadense, que por sua vez ampliou o estado de emergência para Ontário, onde fica Windsor, nesta sexta. O local é o mais movimentado ponto da fronteira, e a interrupção do trânsito impactou o fornecimento a produtores de veículos de Detroit.

A perda estimada devido ao bloqueio apenas para a indústria automobilística pode chegar a US$ 700 milhões (R$ 3,67 bi), segundo dados da IHS Markit’s. Mais de 25% das mercadorias comercializadas entre os Estados Unidos e o Canadá circulam pela Ambassador.

Os atos chamados de "comboio da liberdade" começaram em Ottawa, com caminhoneiros protestando contra a obrigatoriedade de passaporte vacinal para atravessar a fronteira com os EUA.. Com 16 dias completados neste sábado, o movimento se expandiu para uma manifestação mais ampla contra restrições para combater a Covid-19, com a participação de pessoas em veículos menores, como carros, vans e picapes.

Os protestos se espalharam para outros dois pontos na fronteira com os EUA, além da ponte Ambassador. Também foram bloqueadas as passagens, de menor movimento, em Alberta e Manitoba. Em Toronto, capital financeira do país, a polícia bloqueou as principais vias que levam ao centro do distrito empresarial devido a um ato planejado para este sábado.

Já a polícia de Ottawa disse também neste sábado esperar reforços para encerrar a ocupação ilegal. Apesar do decreto de estado de emergência nesta sexta, os manifestantes demonstraram "comportamento agressivo contra os agentes", segundo os agentes.

Segundo a polícia canadense, os protestos têm sido financiados, em parte, por americanos, o que levou Ontário a congelar verbas doadas por uma plataforma americana na quinta (10). Um porta-voz do Banco Toronto-Dominion também congelou duas contas que somavam depósitos de 1,4 milhão de dólares canadenses (R$ 5,76 milhões) em apoio aos manifestantes.

A manifestação no Canadá inspirou ainda outros "comboios da liberdade" nos EUA, na França, na Nova Zelândia e na Austrália.

No país vizinho, motoristas planejam se dirigir à orla de Port Huron, em Michigan, em apoio aos manifestantes canadenses. Outro grupo americano afirmou que dois comboios vão neste fim de semana para outro ponto da fronteira, em Buffalo, no estado de Nova York.

Na Nova Zelândia, ativistas estão acampados nos Jardins do Parlamento de Wellington há quatro dias, e os protestos levaram a confrontos com a polícia, que fez mais de 120 prisões. O número de manifestantes subiu para quase 1.500 nesta sexta, quando os agentes reduziram o contingente usado para dispersar os protestos.

Polícia francesa dispara gás lacrimogêneo contra participantes do 'comboio da liberdade', na avenida Champs Elysées, em Paris
Polícia francesa dispara gás lacrimogêneo contra participantes do 'comboio da liberdade', na avenida Champs Elysées, em Paris - Sameer Al-Doumy/AFP

Já Paris foi o destino de milhares de veículos que viajaram nesta sexta em comboios partindo de toda a França. Eles esperavam bloquear a capital para protestar contra as regras de vacinação da Covid-19 e outras restrições sanitárias, apesar de o ato ter sido proibido.

Neste sábado, uma parte conseguiu chegar à avenida Champs Elysées, no centro da capital. A polícia disparou gás lacrimogêneo e aplicou centenas de multas para dispersar os veículos que tentavam bloquear o trânsito na mais famosa avenida da cidade.

Enquanto isso em Haia, na Holanda, os opositores das restrições sanitárias chegaram em caminhões à cidade e bloquearam o centro da cidade por várias horas.

As autoridades belgas e austríacas, por sua vez, proibiram os comboios da liberdade após relatos de protestos planejados nesses países.

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