Chanceler ucraniano diz que Putin deve ser julgado em Haia por crimes de guerra

Dmitro Kuleba citou o que seriam ataques russos a uma escola e a um orfanato na Ucrânia

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São Paulo | Reuters

O chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse nesta sexta (25) acreditar que a Rússia deve ser julgada no Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, na Holanda, pelos ataques iniciados nesta semana.

Kuleba descreveu as ações do governo de Vladimir Putin como violações ao Estatuto de Roma, tratado que criou o tribunal responsável por julgar indivíduos acusados de crimes contra a humanidade.

O diplomata citou em suas redes socais ataques a uma escola do ensino básico e a um orfanato atribuídos à Rússia e que teriam acontecido nesta sexta. A Procuradoria-Geral da República ucraniana estaria coletando provas para levar a Haia, acrescentou.

Também nesta sexta, o ministro da Saúde da Ucrânia, Viktor Liashko, acusou tropas russas de abrirem fogo contra ambulâncias na região das cidades de Chernihiv e Zaporijchia, a 514 km da capital Kiev.

O ministro ainda afirmou à imprensa ucraniana que as forças militares da Rússia dispararam contra um hospital psiquiátrico em Chernihiv, cidade que foi alvo de lançadores de foguetes na última quinta (24), quando o presidente russo Vladimir Putin iniciou a ofensiva contra o país vizinho.

Diante das ofensivas, o promotor do TPI Karim Khan expressou preocupação com a invasão russa e disse que o tribunal pode investigar possíveis crimes de guerra na Ucrânia.

"Tenho acompanhado de perto os recentes desdobramentos na Ucrânia e em seus arredores com crescente preocupação", disse Khan. "Lembro a todos os lados que conduzem hostilidades no território da Ucrânia que meu gabinete pode exercer sua jurisdição e investigar qualquer ato de genocídio, crime contra a humanidade ou crime de guerra."

De acordo com a regulação internacional, os crimes de guerra incluem assassinato intencional e destruição de propriedade "não justificada por necessidade militar e realizada de forma ilegal e arbitrária". A lei tem sido aplicada de forma diferente a líderes ou países que iniciaram agressão por razões consideradas injustificadas.

Além de ter classificado as ações russas como crimes de guerra, o chanceler Kuleba afirmou que o país estaria planejando uma operação para acusar a Ucrânia de cometer o que seriam ações desumanas. Ele citou investigações do setor de inteligência de seu país.

"Não confie em falsificações. A Ucrânia defende a sua terra em uma guerra justa. Ao contrário da Rússia, não visamos jardins de infância e civis", escreveu o chanceler.

Kuleba pediu ainda a exclusão da Rússia da Swift, rede de mensagens interbancárias que é a espinha dorsal das finanças internacionais.

As ações militares da Rússia na Ucrânia têm feito surgir comparações do presidente Putin ao líder nazista Adolf Hitler (1889-1945). A conta oficial do governo da Ucrânia no Twitter publicou uma ilustração que mostra o ditador apoiando o político russo. A imagem viralizou nas redes sociais.

No Brasil, o vice-presidente Hamilton Mourão comparou, na quinta (24), a ação de Putin ao nazismo.

"Tem que haver uso da força, realmente um apoio à Ucrânia, mais do que está sendo colocado. Esta é a minha visão. Se o mundo ocidental pura e simplesmente deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo vai ser a Moldávia, depois os Estados bálticos e assim sucessivamente. Igual a Alemanha hitlerista fez no final dos anos 30", declarou o vice.

Também viralizou nas redes sociais vídeo que mostra um tanque de guerra supostamente russo passando por cima do carro de um civil em uma rua nos arredores de Kiev. O veículo foi destruído, e o ocupante teria ficado preso nas ferragens.

Desde o início dos ataques, representes de países-membros da Otan (aliança militar) têm criticado duramente as investidas da Rússia. O secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, disse que os ataques à Ucrânia são imprudentes e arriscam "incontáveis vidas inocentes".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que Putin é o agressor que escolheu a guerra. O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse estar chocado com a decisão "horrível" de Putin de seguir "um caminho de derramamento de sangue e destruição".

Segundo o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a invasão russa causou, até a noite desta quinta, 137 mortes, incluindo 10 oficiais, e 316 feridos. Em discurso televisionado, o líder ucraniano afirmou que "o inimigo o marcou" como alvo número um e que sua família seria o alvo número dois. A capital Kiev está sob cerco na tarde desta sexta-feira (25) e a Rússia exige a rendição do governo ucraniano.

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