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Empresário aliado de Maduro foi informante de agência antidrogas dos EUA, diz acusação

Alex Saab foi acusado de lavagem de dinheiro, preso em 2020 em Cabo Verde e extraditado em 2021

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Buenos Aires

Alex Saab, empresário colombiano considerado essencial para a cúpula da ditadura da Venezuela e que se encontra preso nos EUA, estaria colaborando com a agência antidrogas americana (DEA) desde, pelo menos, 2018, segundo documentos que tiveram o sigilo retirado pelo juiz Robert Scola, da Flórida. Saab teria informado sobre propinas pagas a altos funcionários do regime.

A notícia pega de surpresa a ditadura —que, até a conclusão deste texto, não havia emitido reações.

Mural em Caracas pedindo a libertação de Alex Saab, empresário colombiano aliado de Nicolás Maduro
Mural em Caracas pedindo a libertação de Alex Saab, empresário colombiano aliado de Nicolás Maduro - Leonardo Fernandez Viloria - 9.set.21/Reuters

Maduro fez muita pressão pela não extradição de Saab aos EUA, chegando até a retirar seus negociadores da mesa de conversas com a oposição para tentar uma saída para a crise política, econômica e humanitária da Venezuela, que vinha ocorrendo no México. O regime considerava que o empresário colombiano era um representante diplomático da Venezuela sequestrado de modo ilegal.

Saab havia se tornado réu em Miami em 2019 por lavagem de dinheiro, e preso em junho de 2020 durante escala de avião em Cabo Verde, na África. Sua extradição aos Estados Unidos ocorreu em outubro de 2021.

O empresário havia sido designado pelo regime para realizar contratos que viabilizassem as "caixas CLAP", as cestas básicas entregues com direcionamento político pelo governo. Além disso, havia denúncias de que era o principal elo de ligação do regime com os negócios ilícitos com os quais a ditadura é acusada de ter ligação, como o narcotráfico, a exploração ilegal de minérios e outros delitos.

Segundo a agência de notícias Associated Press, Saab também admitiu ter recebido dinheiro de modo ilegal para estabelecer contratos irregulares do governo.

Os dados revelados nesta quarta-feira (16), porém, dizem que a colaboração deixou de ocorrer em maio de 2019, quando ele se recusou a entregar-se à Justiça americana, descumprindo um acordo. Depois de ter deixado de colaborar com os EUA, Saab foi alvo de sanções durante a gestão do ex-presidente Donald Trump.

O empresário teria pedido que a informação sobre sua colaboração com a DEA não fosse revelada, temendo pelo destino de sua família, que continua na Venezuela e poderia sofrer represálias.

"Eles estão sob o dedo do governo", disse o advogado de Saab, Neil Schuster, tentando evitar a divulgação da notícia. A defesa vinha tentando liberar Saab do processo que ele enfrenta com o argumento de que ele havia colaborado com os americanos.

O juiz Scola negou-se. "Há toda essa evidência de que este homem é um risco, envolvido em vários crimes, que fugiu das autoridades e da extradição, e querem que o juiz inexplicavelmente o deixe ir?", questionou.

A defesa de Saab divulgou um comunicado afirmando que ele "continua sendo um cidadão leal e um diplomata da República Bolivariana da Venezuela e nunca faria nada para prejudicar o país e as pessoas que lhe deram tanto".

A mulher de Saab, a italiana Camilla Fabri, disse por meio das redes sociais que os EUA estavam "mentindo, como fizeram com a Rússia e com o Iraque", e que seu marido nunca prejudicaria a Venezuela.

Ex-secretário do Tesouro de Hugo Chávez deixa prisão nos EUA

Nesta quarta-feira o ex-secretário do Tesouro de Hugo Chávez (1954-2013), Alejandro Andrade, deixou a prisão federal no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ele havia sido condenado por lavagem de dinheiro em 2018.

Sua pena inicial de 10 anos foi reduzida a 42 meses por ter colaborado com a Justiça americana. Ele estava preso desde fevereiro de 2019.

Andrade, 57, foi guarda-costas do antecessor de Maduro e ocupou o cargo no Escritório Nacional do Tesouro entre 2007 e 2010, período no qual cobrou um valor total de mais de US$ 1 bilhão em propina para assegurar taxas mais favoráveis a quem quisesse trocar moeda estrangeira, segundo os Estados Unidos. O valor teria sido recebido em dinheiro vivo, jatos, iates, carros, casas, cavalos de raça e relógios.

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