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Como os EUA pretendem resgatar caça de US$ 94 mi que caiu no mar do Sul da China

Aeronave F-35 Joint Strike sofreu acidente quando tentava pousar num porta-aviões americano

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John Ismay
Washington | The New York Times

Em 24 de janeiro, um dos mais caros aviões de guerra dos Estados Unidos caiu quando tentava pousar num porta-aviões e afundou no mar do Sul da China. O jato F-35 Joint Strike, de US$ 94 milhões (cerca de R$ 500 milhões), é agora o objeto de uma operação de salvamento.

Em um comunicado emitido no dia do acidente, a Marinha dos EUA disse que sete marinheiros ficaram feridos quando o jato sofreu um "problema no pouso" no porta-aviões Carl Vinson. A Marinha não mencionou que o avião foi parar no fundo do oceano.

O porta-aviões americano Carl Vinson perto de um porto no Vietnã - 5.mar.2018/Reuters

A Força pouco informou publicamente sobre o incidente desde então. Em resposta a perguntas do jornal The New York Times, a 7ª Frota da Marinha disse na semana passada que o serviço "começou a mobilizar unidades que serão usadas para verificar o local e recuperar" o F-35 acidentado.

Fotos e vídeos que parecem ter sido feitos a bordo do Vinson foram postados nas redes sociais. Oficiais de relações-públicas disseram que algumas das imagens —como uma do F-35 na superfície do mar— são autênticas. "Há uma investigação em curso sobre o acidente e a divulgação não autorizada da gravação em vídeo a bordo do navio", disse o comandante Zach Harrell, porta-voz das Forças Aeronavais.

Foi só depois que um usuário do Twitter postou o vídeo sobre o acidente no domingo (6) que oficiais da Marinha admitiram que o jato tinha se chocado com a parte posterior do convés de voo antes de escorregar por toda a extensão do mesmo e cair ao mar.

A Marinha poderá recuperar seu jato milionário do leito do oceano antes que um país adversário o encontre? Isso é o que sabemos até agora sobre o incidente e como poderá ocorrer a operação de salvamento.

Onde está o avião? Resposta rápida: não sabemos exatamente. Mas temos uma pista interessante, pelas declarações públicas.

Em 29 de janeiro, a guarda costeira do Japão divulgou um aviso informando os marinheiros sobre operações de salvamento numa área na parte norte do mar do Sul da China. O comunicado dizia que as operações de salvamento em determinada latitude e longitude continuariam "até novo aviso".

A 7ª Frota da Marinha dos EUA, baseada no Japão, enviou perguntas sobre o aviso à guarda costeira japonesa, que disse na semana passada que a Agência Nacional de Geointeligência Espacial dos EUA tinha pedido a publicação do aviso. Um porta-voz da agência, que faz parte do Departamento da Defesa, enviou perguntas sobre esse aviso de volta à Marinha.

O aviso situa o local do salvamento a aproximadamente 13 mil pés (3,9 quilômetros) abaixo da superfície do mar e mais próximo das Filipinas do que da China.

A declaração inicial da Marinha dizia que três dos marinheiros feridos no acidente tinham sido levados para Manila, a capital das Filipinas, para tratamento médico. O aviso da guarda costeira japonesa disse que o local do salvamento ficava a cerca de 512 km de Manila —o que está dentro do alcance da aeronave de rotor inclinável Osprey do Vinson, que teria transportado os marinheiros feridos para Manila.

A Marinha pode recuperar um avião nessa profundidade? Segundo documentos da força, ela pode levantar um avião acidentado de até 20 mil pés (6 km) usando um veículo de operação remota que a Marinha chama de CURV-21. Pesando mais de 3 toneladas, o drone subaquático em forma de caixote pode ser descarregado do convés de um navio de salvamento da Marinha ou de um navio comercial e controlado por técnicos na superfície através de um cabo.

No ano passado, a Marinha usou um CURV-21 a bordo de um navio civil norueguês chamado Grand Canyon II para resgatar um helicóptero MH-60S de uma profundidade de quase 6 km no norte do oceano Pacífico.

A provided image shows a remote-operated vehicle called CURV-21 can be used to lift a wrecked airplane from deep in the ocean. HereÕs how the Navy might recover a $94 million F-35 Joint Strike Fighter that crashed in ChinaÕs backyard. (U.S. Navy via The New York Times)Ñ FOR EDITORIAL USE ONLY Ñ
O veículo subaquático CURV-21, que pode ser usado para retirar um avião naufragado do fundo do oceano - Marinha dos Estados Unidos via The New York Times

Contatado por telefone, um executivo da Volstad Maritime, dona do Grand Canyon II, disse que o navio não está participando do resgate do F-35. Ele está alugado para uma companhia de energia e trabalha em campos de petróleo e gás na costa da Tailândia.

Como seria feito o resgate? A Marinha americana poderia usar outro navio para fazer o serviço, desde que ele tivesse capacidade para carregar um veículo subaquático como o CURV-21, que seria usado para conectar um cabo do navio até o avião naufragado. O navio também precisaria ter um guindaste forte o bastante para erguer o avião do leito oceânico, provavelmente um capaz de suspender pelo menos 100 toneladas. Além disso, o navio precisaria ter um grande convés aberto, onde o jato seria depositado.

Durante o salvamento do helicóptero em águas profundas no ano passado, uma empresa baseada em Maryland chamada Phoenix International forneceu apoio ao Grand Canyon II. Um executivo da Phoenix contatado por telefone não quis comentar se a companhia está envolvida no atual resgate do F-35.

A China poderá recuperar o avião? Não sabemos, mas não está fora das possibilidades, já que a China exibiu seus próprios veículos subaquáticos de operação remota. A pergunta principal seria: os veículos chineses podem operar na mesma profundidade que os americanos?

Como o F-35 caiu nas proximidades de um grupo de ataque completo do porta-aviões, é possível que a Marinha tenha deixado um navio de guerra menor de escolta, como um contratorpedeiro, para vigiar o local do acidente. No entanto, o Pentágono descartou a ideia de que a Marinha esteja numa disputa com a força chinesa para tirar o avião do fundo do mar.

"Acho que você pode compreender que estamos tomando as medidas de planejamento apropriadas para resgatar nossa aeronave e vamos recuperá-la em tempo hábil, como fizemos no passado", disse em entrevista coletiva na segunda (7) o principal porta-voz do Pentágono, John Kirby. "Por isso eu acho que qualquer pergunta sobre estarmos numa espécie de competição para recuperar o que é de fato nossa propriedade é no mínimo especulativa."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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