Um menino de cinco anos preso havia três dias em um poço seco profundo no sudeste do Afeganistão morreu nesta sexta-feira (18) pouco depois de ser retirado vivo do local pelas equipes de resgate.
Haji Abdul Hadi, 50, avô da criança identificada como Haidar, contou à agência de notícias AFP que o menino caiu na terça (15) quando acompanhava os adultos perfurarem um novo poço em Shokak, na província de Zabul (400 km de Cabul), região afetada pela seca.
Segundo fontes oficiais, Haidar chegou ao fundo de um buraco de 25 metros de profundidade, conseguiu ser levantado por uma corda até 10 metros, mas acabou bloqueado por uma grande rocha. Os socorristas tiveram, então, que avançar manualmente com picaretas, fazendo com que o resgate levasse mais tempo.
Diante da dificuldade, as equipes abriram uma vala oblíqua para ter acesso ao local em que o menino estava. À medida que se aproximavam do poço, porém, precisaram atuar com muito cuidado para evitar deslizamentos de terra. O terreno rochoso também dificultou a operação.
Assim, os socorristas conseguiram chegar apenas nesta sexta até a criança. O porta-voz da polícia, Zabiullah Jawahr, disse que Haidar ainda estava vivo. A equipe médica forneceu oxigênio, mas o menino morreu quando tentavam levá-lo para o helicóptero.
A equipe foi supervisionada por representantes do Talibã, enquanto centenas de habitantes da região se reuniram nas imediações para acompanhar o resgate. O governo do país tentou enviar aos socorristas os melhores equipamentos disponíveis, incluindo um dos poucos helicópteros operáveis.
Várias autoridades divulgaram vídeos da operação, destacando os esforços do novo regime para cuidar da população, após críticas por violação dos direitos humanos. O alto conselheiro do Ministério do Interior, Anas Haqqani, escreveu no Twitter que esta sexta "é um novo dia de luto e tristeza" para o país.
Imagens que circulavam nas redes sociais mostravam o menino vestido com um suéter azul no fundo do poço, com as costas contra a parede, movimentando os braços e a parte superior do corpo. Também era possível observar uma lâmpada posicionada diante da criança.
Os vídeos foram registrados com uma câmera suspensa com uma corda. Em um deles, o menino chora e, em outro, conversa com o pai. "Haidar, fale comigo, estamos tentando tirar você. Está bem, meu filho? Fale comigo, não chore, estamos trabalhando para tirar você", disse o pai. "Tudo bem, vou continuar falando", respondeu o menino, chorando.
A tragédia no Afeganistão acontece poucos dias depois de outra similar no Marrocos, onde Rayan Awran, também de cinco anos, caiu em um poço e morreu antes de ser resgatado. O país parou para acompanhar a operação.
Ele ficou preso durante cinco dias em um túnel nas colinas da província de Chefchaouen. O poço tinha 45 centímetros de largura no topo, estreitando-se ao longo de 32 metros de profundidade.
"Rayan estava brincando e então desapareceu. Toda família se mobilizou para procurá-lo até que nos demos conta de que ele tinha caído no poço", disse a mãe, aos prantos, à época. Um parente contou que a família ouviu um choro abafado e conseguiu identificar o garoto no túnel com ajuda da lanterna do celular.
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