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Nova Zelândia usa 'Macarena' e 'Baby Shark' para dispersar atos contra vacina de Covid; veja vídeo

Estratégia não deu certo, e manifestantes seguiram no entorno do Parlamento dançando e cantando

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Wellington | AFP

Autoridades da Nova Zelândia adotaram neste domingo (13) estratégia incomum para tentar dispersar manifestantes que, há uma semana, protestam contra medidas sanitárias para conter a pandemia: tocaram músicas como "Macarena" e "Baby Shark" para incomodá-los e fazê-los deixar o entorno do Parlamento.

A medida, porém, parece não ter surtido efeito. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram que, a despeito do que esperavam as autoridades, os manifestantes aproveitaram as canções para dançar no gramado do local e tirar sarro da malsucedida tentativa. "You're Beautiful", do britânico James Blunt, também compôs a playlist.

Confronto entre manifestantes antivacina e policiais da Nova Zelândia perto do Parlamento nacional - Charlie Coppinger - 10.fev.2022/via Reuters

O superintendente policial da capital Wellington, Corrie Parnell, criticou a tática adotada pelas autoridades do Parlamento, que parece ter incentivado os manifestantes a permanecerem onde estão. "Certamente é uma tática e uma metodologia que não endossamos e preferimos que não tivesse ocorrido", declarou à rádio New Zealand.

Centenas de manifestantes estão concentrados no local, inspirados pelos "comboios da liberdade", atos contra a obrigatoriedade do passaporte vacinal que ocuparam cidades do Canadá há três semanas e chagaram a bloquear a ponte Ambassador, importante elo econômico com os Estados Unidos, na fronteira entre os dois países.

Nem sequer a passagem do ciclone Dovi pela Nova Zelândia, neste fim de semana, retirou as pessoas. Ventos de até 130 quilômetros por hora atingiram Wellington e outras regiões, causando quedas de energia e deslizamentos de terra. A polícia pediu que as pessoas evitassem viagens não essenciais, e muitas estradas foram bloqueadas.

Os gramados bem cuidados em frente ao prédio do Parlamento nacional, onde se concentram os manifestantes, transformaram-se em um pântano lamacento. Nas imagens registradas, porém, é possível vê-los dançando e cantando com capas e guarda-chuvas.

A polícia local chegou a prender mais de 120 manifestantes na quinta (10), quando houve enfrentamento com o grupo, mas agora tem defendido uma abordagem mais discreta. O superintendente Parnell disse que não se trata de uma questão que será resolvida com prisões e que é preciso uma negociação com boa-fé de ambas as partes.

A primeira-ministra Jacinda Ardern e figuras de seu entorno se recusaram a comentar a estratégia utilizada por autoridades parlamentares no fim de semana. O vice-premiê Grant Robertson, porém, concedeu entrevista a um canal de televisão e disse que todo neozelandês tem direito a protestar pacificamente, mas que os atos da última semana "foram muito além disso".

"Acho a retórica desses protestos altamente perturbadora. Há um elemento triste nisso, de teoria da conspiração, pelo qual as pessoas foram sugadas."

Apontado como articulador da tentativa frustrada de dispersar os manifestantes com músicas, o líder do Parlamento, o trabalhista Trevor Mallard, foi alvo de críticas. Chris Bishop, do Partido Nacional, descreveu a medida como vergonhosa e ineficaz. Já o líder do Partido ACT, David Seymour, disse que Mallard "se comportou como uma criança".

Com uma das políticas mais rígidas de controle da Covid, a Nova Zelândia, um país de pouco mais de 5 milhões de habitantes, conseguiu mitigar os impactos sanitários do coronavírus. A nação soma cerca de 21.500 casos da doença desde o início da pandemia e 53 mortes, de acordo com a plataforma Our World in Data.

A variante ômicron, como em outras partes do mundo, levou à alta de casos. Com recordes consecutivos, a média móvel de novos casos, outrora abaixo de 10, chegou a 512 neste domingo (13).

Aproximadamente 77% dos habitantes completaram o primeiro esquema vacinal, e 38% da população recebeu a dose de reforço. As autoridades nacionais anunciaram recentemente que as fronteiras do país só devem ser totalmente reabertas em outubro.

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