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O que Pequim espera das Olimpíadas e como se preparou para o evento

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Pequim

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Planejado inicialmente como algo grandioso, os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim devem passar batido para a maioria dos habitantes da cidade.

Ao contrário dos Jogos de Verão em Tóquio, realizados em 2021, a China resolveu autorizar a presença do público nas competições. Os ingressos, porém, não foram postos à venda.

O Comitê Organizador distribuiu entradas apenas para "pessoas selecionadas", em sua maioria conectadas a funcionários de estatais, oficiais de governo e patrocinadores. Todos eles serão submetidos a testes de Covid e monitoramento sanitário após o evento.

Para garantir que a cerimônia esteja livre de Covid, o país decidiu colocar atletas, jornalistas e delegações olímpicas oficiais no chamado "circuito fechado", isolados em instalações construídas especialmente para o evento.

Vários pontos de Pequim estão inacessíveis, e residentes receberam ordens para não se aproximarem de hotéis e carros usados para acomodar a chamada "família olímpica".

Pelo menos mais de 400 mil testes PCR foram realizados até o momento.

Todos os moradores que trabalham no evento precisarão cumprir quarentena obrigatória de 14 dias em hotel fechado, além de 7 dias de observação em casa. Nesse meio tempo, serão submetidos a testagem frequente, assim como quem chega ao país vindo do exterior.

Ao contrário das majestosas cenas vistas na abertura dos Jogos de Verão, em 2008, os organizadores decidiram realizar uma apresentação mais curta e comedida.

Concebida por Zhang Yimou, que comandou a cerimônia em 2008, a abertura realizada nesta sexta (4) convocou 3.000 voluntários. Há 14 anos, foram 15 mil na cerimônia dos Jogos de Pequim.

Zhang deu declarações à imprensa local sobre o tema, afirmando que buscou um conceito artístico mais "alinhado com o estado do mundo atualmente".

Por que importa: antes motivo de orgulho dado o ineditismo para uma cidade sediar tanto as competições de verão quanto as de inverno, as Olimpíadas acabaram se tornando uma dor de cabeça logística para Pequim.

As preocupações sanitárias com a entrada de tantos estrangeiros na China fizeram o governo tomar precauções extras para proteger a população. O país agora espera impressionar o mundo tal qual em 2008, desta vez focando o sucesso no combate ao novo coronavírus.

o que também importa

O Clube de Correspondentes da China divulgou seu relatório anual sobre as condições de trabalho para jornalistas estrangeiros no país. O documento é produzido por meio de entrevistas e enquetes realizadas com os 192 membros da organização.

De acordo com a pesquisa, jornalistas estrangeiros enfrentam "desafios sem precedentes na cobertura da China devido a bloqueios do governo e descrédito da mídia independente".

  • O texto menciona que muitos repórteres tiveram de deixar o país recentemente devido ao assédio online;

  • 52% disseram que precisaram interromper uma cobertura por terem o acesso bloqueado a alguma instalação por preocupações relativas à Covid ou à segurança.

A Universidade de Fudan, em Xangai, anunciou que conseguiu desenvolver um novo tipo de anticorpo capaz de neutralizar a ômicron e outras futuras variantes da Covid.

A pesquisa é liderada pelo professor Huang Jinghe, que disse ter realizado o feito por acaso enquanto sintetizava um composto a partir de células imunes humanas. Em condições naturais, os anticorpos dessas células seriam inúteis para combater a Covid, mas quando combinados são capazes de romper a linha de defesa do vírus.

O artigo relatando a descoberta foi publicado em regime pre-print (quando ainda não passou por revisão de outros cientistas). Se a efetividade for confirmada, o composto representaria "um passo à frente na corrida contra a Covid", segundo a equipe liderada por Huang.

Pequim endureceu as regras de acesso à cidade para quem vem de outras regiões do país. As medidas ocorrem no momento em que a cidade tenta controlar recente surto de Covid enquanto lida com a organização das Olimpíadas.

  • Algumas linhas de ônibus foram suspensas.

  • O aeroporto internacional da cidade informou que só autoriza a entrada de passageiros após medição de temperatura e checagem do código de saúde.

  • Residentes de Pequim de áreas consideradas de médio e alto risco precisam mostrar um teste de Covid negativo realizado 48 horas antes do embarque.

Quem vive em outras províncias também foi desaconselhado a viajar para a capital, exceto por situações emergenciais.

A cidade anunciou testagem em massa para regiões com muitos casos. O número de pessoas realizando os exames foi tão alto que o aplicativo que mostra o status de saúde dos moradores chegou a ficar fora do ar.

Pequim registra atualmente 109 casos ativos de Covid.

fique de olho

A China divulgou um acordo bilionário para a construção de uma grande usina nuclear na Argentina. Negociada desde 2015, a usina Atucha III vai custar mais de R$ 34 bilhões e terá tecnologia chinesa. O anúncio antecede a visita do presidente argentino, Alberto Fernandez, que chega a Pequim neste fim de semana.

Por que importa: O Brasil é o principal destino de investimentos chineses na área de energia, mas, com o novo acordo, a Argentina desponta como opção para empresas interessadas no mercado latino-americano. O projeto será apenas o segundo da empresa chinesa no exterior (o primeiro foi no Paquistão), e seu sucesso pode abrir portas para Pequim em outros países com demanda energética.

para ir a fundo

  • A Rádio Internacional da China começou a publicar a série "Ideias Chinesas", com minicursos em áudio sobre obras e autores da era pré-dinastia Qin. O projeto é uma parceria da Universidade de Macau com o professor brasileiro Giorgio Sinedino. (gratuito, em português)
  • O South China Morning Post reúne sinólogos e observadores estrangeiros para tentar entender o que a China quer mostrar ao mundo com as Olimpíadas deste ano. (paywall poroso, em inglês)
  • O Sixth Tone resgata a tradição chinesa na patinação no gelo e reconta como o esporte está ligado à história do país e às disputas com potências estrangeiras no século passado. (gratuito, em inglês)
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