Europa e EUA vão incluir Putin e chanceler em lista de sanções por invasão da Ucrânia

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Washington e Paris | AFP e Reuters

A União Europeia e os EUA anunciaram, nesta sexta-feira (25), que incluirão o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o chanceler Serguei Lavrov na lista de indivíduos que serão alvo de sanções devido à invasão militar da Ucrânia. Posteriormente, medida similar também foi divulgada pelo Reino Unido.

No caso europeu, o pacote de sanções foi inicialmente divulgado pelo chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell. "Importante sinalizar que os únicos líderes do mundo que são sancionados pela UE são Bashar al-Assad [ditador sírio], Alexandr Lukashenko [ditador belarusso] e, agora, Putin", disse o espanhol.

O presidente russo, Vladimir Putin, durante reunião com empresários no Kremlin, em Moscou
O presidente russo, Vladimir Putin, durante reunião com empresários no Kremlin, em Moscou - Alexey Nikolsky - 24.fev.2022/AFP

Mais ​cedo, questionado sobre eventuais reações de Putin e Lavrov às punições, Jean Asselborn, chanceler de Luxemburgo, disse que os dois "vivem em uma bolha e que não podem mais reconhecer a realidade".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se a comentar sobre a possibilidade de sanções diretas contra Putin e Lavrov, mas mais tarde o governo russo tratou as medidas como um sinal de "impotência do Ocidente". Na prática, o pacote pouco afeta a vida financeira dos dois líderes, já que nenhum deles tem bens declarados no exterior.

Além das medidas contra os dois políticos russos, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a UE prepara novas sanções econômicas. Em sua opinião, o pacote aprovado pelos líderes dos 27 países do bloco na quinta (24) não é suficiente.

A ameaça foi feita poucas horas depois de o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pedir medidas mais duras contra Moscou. "As possibilidades de sanções ainda não foram esgotadas. A pressão sobre a Rússia deve aumentar", escreveu no Twitter. Ele ainda disse ter encaminhado a mensagem à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Os líderes da UE aprovaram na quinta, durante uma cúpula de emergência em Bruxelas, sanções que atingem os setores de energia, finanças e transporte da Rússia, bem como restrições às exportações de tecnologia e à concessão de vistos.

Os países do bloco preferiram não excluir, por enquanto, os bancos russos do sistema interbancário Swift, um passo considerado de efeito mais robusto.

Autoridades financeiras disseram que o bloco está pronto para aguentar impactos econômicos que devem girar em torno do aumento do preço da energia. "Mas os custos de reagir a essa invasão, a essa violação da lei internacional, são custos com os quais devemos arcar", disse o comissário econômico europeu Paolo Gentiloni.

Ainda nesta sexta, o Reino Unido e os EUA também anunciaram que vão aplicar sanções contra Putin e Lavrov. No dia anterior, o premiê britânico, Boris Johnson, havia divulgado uma lista de empresas e indivíduos sancionados. A expectativa é que a medida tenha impacto nos negócios da elite russa, que há décadas está ligada ao mercado de capitais de Londres.

Já o presidente americano, Joe Biden, estendeu nesta sexta o pacote de sanções impostas a empresas russas e pessoas ligadas ao Kremlin. Segundo ele, haverá restrições envolvendo transações do governo russo em moedas estrangeiras, barreiras para o acesso a novas tecnologias e medidas contra os maiores bancos do país.

O Kremlin avaliou que as sanções ocidentais impostas à Rússia causariam problemas a Moscou, mas que não são intransponíveis. O país está decidido a ampliar seus laços comerciais e econômicos com nações asiáticas, como a China.

Peskov disse que Moscou já havia reduzido sua dependência das importações estrangeiras para se proteger contra sanções. "O objetivo principal era assegurar a completa autossuficiência e a substituição das importações, se necessário", disse Peskov. "Em grande medida esse objetivo foi alcançado. Sem dúvida haverá problemas, mas eles não serão insuperáveis."

O Ministério da Economia disse que a Rússia enfrentou sanções durante muito tempo e que está reavaliando seus laços comerciais para combater o que chamou de ameaça que emana do Ocidente.

"Entendemos que a pressão de sanções que enfrentamos desde 2014 vai se intensificar", informou a pasta. "A retórica de alguns de nossos colegas do exterior foi tal que estamos prontos para potenciais novas sanções por um longo tempo."

Diante das diversas medidas que a UE anunciou em represália ao ataque russo na Ucrânia, Moscou também prepara retaliações. "E conhece as fraquezas de seus alvos", disse a presidente da Câmara alta do Parlamento, Valentina Matvienko.

Ao menos uma medida prática já foi tomada. A Rússia proibiu a entrada em seu espaço aéreo de todos os aviões vinculados ao Reino Unido, em resposta às sanções de Londres à companhia aérea russa Aeroflot —que integra a aliança internacional SkyTeam, da qual faz parte a franco-holandesa Air France-KLM.

De acordo com a agência reguladora Rosaviarsia, foram bloqueados todos os aviões "de propriedade, arrendados ou operados por uma organização vinculada ou registrada no Reino Unido". A medida inclui os voos em trânsito pelo espaço aéreo russo.

Na quinta, Von der Leyen disse que as sanções contra a Rússia vão aumentar o custo do crédito ao país, e que isso deve se refletir em aumento da inflação.

Ela também indicou que as sanções do bloco vão atacar diretamente o setor de petróleo russo, além de limitar o acesso do país a tecnologias de ponta importantes, como os semicondutores, essenciais, por exemplo, na indústria global de chips.

A chefe da Comissão Europeia afirmou que as sanções foram coordenadas com EUA e outros aliados. Em referência aos ataques russos, disse que são eventos que marcam o início de uma nova era. "Putin está tentando subjugar um país europeu amigável. Ele está tentando redesenhar o mapa da Europa à força."

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