Descrição de chapéu feminicídio

Vídeo de marido mostrando cabeça de esposa decapitada gera indignação no Irã

Caso levou a reivindicações de mudanças em leis de violência doméstica e casamento infantil

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Paris | RFI

Um vídeo de um homem mostrando na rua a cabeça de sua jovem esposa que ele havia acabado de decapitar causou choque e indignação no Irã nesta terça-feira (8).

Suspeita de adultério, Mona Heidari, 17, foi assassinada no domingo (6) pelo marido e pelo cunhado dele em Ahvaz, capital da província do Khuzestan, no sudoeste do país, de acordo com informações da agência Isna (Agência de Notícias dos Estudantes Iranianos).

A iraniana Mona Heidari, que se casou aos 12 anos e foi decapitada pelo marido aos 17; crime gerou indignação entre ativistas de direitos humanos
A iraniana Mona Heidari, que se casou aos 12 anos e foi decapitada pelo marido aos 17; crime gerou indignação entre ativistas de direitos humanos - Reprodução Twitter/@Farzad Seifikaran

O vídeo do marido desfilando na rua sorrindo com a cabeça de sua vítima apareceu, logo depois, na rede iraniana, chocando o país. Os dois homens foram detidos pela polícia na segunda-feira "durante uma incursão no seu esconderijo", anunciou a polícia local, citada pela agência oficial.

"Um ser humano foi decapitado, sua cabeça foi exibida nas ruas e o assassino se orgulhava disso. Como podemos aceitar tamanha tragédia? Devemos agir para que os feminicídios não voltem a acontecer", afirmou o jornal reformista Sazandegi.

"Mona foi vítima de uma ignorância devastadora, todos nós somos responsáveis ​​por esse crime", protestou a cineasta feminista Tahmineh Milani, em sua conta no Instagram, depois que o vídeo se tornou viral.

Casamento infantil

Reagindo à tragédia, vários defensores de direitos humanos instaram as autoridades a reformarem a lei de proteção das mulheres contra a violência doméstica e a aumentarem a idade mínima para o casamento das meninas iranianas, atualmente fixada em 13 anos.

Segundo a mídia local, a vítima tinha apenas 12 anos quando se casou. Ela deixou um filho de três anos.

Para o advogado Ali Mojtahedzadeh, citado pelo jornal reformista Shargh, a lei tem "lacunas" no que diz respeito à proteção das mulheres, pois não lhes concede independência e falha em "determinar racionalmente a idade legal do casamento para acabar com o casamento infantil". Tudo isso "abre caminho para facilitar os assassinatos", lamenta.

"Não há medidas concretas para garantir a aplicação de leis que visam prevenir a violência contra as mulheres", afirmou a deputada Elham Nadaf.

"As mulheres pedem ao Parlamento que tome medidas urgentes para fechar algumas brechas legais. Ao mesmo tempo, as autoridades devem se esforçar para aumentar o nível de consciência da população", declarou no Twitter a diretora de assuntos relacionados a mulheres e família do governo iraniano, Ensieh Khazali.

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